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EXPOSIÇÃO
Museu de Arte Moderna de Paris tem mostra de artistas nórdicos, parte do projeto "Percursos Europeus"
"Visões do Norte" mostra Edvard Munch
MARIANE COMPARATO
de Paris
A mais nova exposição em cartaz no Museu de Arte Moderna de
Paris não é filme, mas poderia ser.
"Visões do Norte" traz um século
de história nos países do norte da
Europa. O artista principal é o norueguês Edvard Munch
(1864-1944).
"Era um pintor iconoclasta, que
gostava de variar nas cores e nas
técnicas. É magnífico ver como a
partir dos mesmos temas sua arte
evolui", disse um dos curadores
da exposição, Jean-Louis Andral.
Leia a seguir trechos da entrevista
que concedeu à Folha:
Folha - Como teve a idéia da exposição?
Jean-Louis Andral - O museu
está ligado há dez anos ao projeto
"Percursos Europeus". Trabalhamos com o expressionismo alemão e o realismo e plasticismo dos
Países Baixos. Depois é que fomos
nos interessar pelos países nórdicos, como Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia. Ficou
evidente que não poderíamos fazer nada sem Munch, um dos
grandes pintores do século 20. A
idéia dessas exposições é de sempre ter uma parte histórica e outra
com jovens artistas para mostrar
como trabalham atualmente.
Folha - August Stringberg está lá
principalmente por causa de sua ligação com Munch?
Andral - Quando tivemos a
confirmação que poderíamos
apresentar Munch como realmente queríamos, desde o final do século 19 até sua morte, procuramos
individualidades muito fortes que
poderiam compartilhar esse universo mental e psicológico. Encontramos quatro artistas que poderiam se assemelhar a Munch:
dois finlandeses, Akseli Gallen-Kallela e Helene Schjerfbeck, e
dois noruegueses, Strinberg e Carl
Fredrik Hill. São artistas que foram muito longe nas experiências
de vida e chegaram perto de abismos em que pouca gente chega. Na
produção, isso resulta no caráter
moderno e contemporâneo da
obra, e os jovens artistas são muito
sensíveis a isso. Hill virou quase
"cult" para os artistas nórdicos.
Folha - Munch fazia várias versões dos mesmos quadros?
Andral - Ele construiu uma
obra muito abundante a partir de
um repertório temático limitado.
Toda vez que vendia um quadro,
ele fazia uma outra versão, alguns
anos mais tarde, para guardar essa
pintura para ele. Por exemplo, ele
fez seis versões, em 40 anos, da
"Menina Doente". Podemos ver,
por meio do mesmo tema, como
ele evoluiu na sua maneira de pintar. Munch decidiu por volta de
1892 que toda sua obra seria inspirada pelo que sentiu durante a sua
vida, que foi traumática. A doença
e a loucura na sua família eram
fortes. Ele quis fazer uma obra que
nascesse do coração e se comunicasse com todos os homens.
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