São Paulo, quarta, 25 de março de 1998

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EXPOSIÇÃO
Museu de Arte Moderna de Paris tem mostra de artistas nórdicos, parte do projeto "Percursos Europeus"
"Visões do Norte" mostra Edvard Munch

MARIANE COMPARATO
de Paris

A mais nova exposição em cartaz no Museu de Arte Moderna de Paris não é filme, mas poderia ser. "Visões do Norte" traz um século de história nos países do norte da Europa. O artista principal é o norueguês Edvard Munch (1864-1944).
"Era um pintor iconoclasta, que gostava de variar nas cores e nas técnicas. É magnífico ver como a partir dos mesmos temas sua arte evolui", disse um dos curadores da exposição, Jean-Louis Andral. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu à Folha:

Folha - Como teve a idéia da exposição?
Jean-Louis Andral -
O museu está ligado há dez anos ao projeto "Percursos Europeus". Trabalhamos com o expressionismo alemão e o realismo e plasticismo dos Países Baixos. Depois é que fomos nos interessar pelos países nórdicos, como Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia. Ficou evidente que não poderíamos fazer nada sem Munch, um dos grandes pintores do século 20. A idéia dessas exposições é de sempre ter uma parte histórica e outra com jovens artistas para mostrar como trabalham atualmente.
Folha - August Stringberg está lá principalmente por causa de sua ligação com Munch?
Andral -
Quando tivemos a confirmação que poderíamos apresentar Munch como realmente queríamos, desde o final do século 19 até sua morte, procuramos individualidades muito fortes que poderiam compartilhar esse universo mental e psicológico. Encontramos quatro artistas que poderiam se assemelhar a Munch: dois finlandeses, Akseli Gallen-Kallela e Helene Schjerfbeck, e dois noruegueses, Strinberg e Carl Fredrik Hill. São artistas que foram muito longe nas experiências de vida e chegaram perto de abismos em que pouca gente chega. Na produção, isso resulta no caráter moderno e contemporâneo da obra, e os jovens artistas são muito sensíveis a isso. Hill virou quase "cult" para os artistas nórdicos.
Folha - Munch fazia várias versões dos mesmos quadros?
Andral -
Ele construiu uma obra muito abundante a partir de um repertório temático limitado. Toda vez que vendia um quadro, ele fazia uma outra versão, alguns anos mais tarde, para guardar essa pintura para ele. Por exemplo, ele fez seis versões, em 40 anos, da "Menina Doente". Podemos ver, por meio do mesmo tema, como ele evoluiu na sua maneira de pintar. Munch decidiu por volta de 1892 que toda sua obra seria inspirada pelo que sentiu durante a sua vida, que foi traumática. A doença e a loucura na sua família eram fortes. Ele quis fazer uma obra que nascesse do coração e se comunicasse com todos os homens.



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