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TEATRO
Antunes Filho apresenta seu Método
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Foram anos de vaivém, de adiamentos, mas o diretor Antunes Filho "fechou", finalmente, o seu
método de teatro.
Referência na formação de atores no Brasil, tendo iniciado de
Luís Melo a Bete Coelho, de Giulia
Gam a Cacá Carvalho, ele aos poucos foi desenvolvendo e organizando exercícios e capítulos -ou
"fascículos", como chama.
Tem o do Corpo, com os pontos
de apoio físicos do ator, o do Entendimento e, recém-finalizado e
fechando agora o Método, a Voz.
O Método Antunes está recebendo um último tratamento, no papel, do crítico Sebastião Milaré,
um estudioso do trabalho do encenador.
O livro, ainda sem data de publicação, seria uma base para abrir
novos fascículos, "infinitamente",
diz o diretor.
Para acompanhar o lançamento
do Método, Antunes Filho planejou dois espetáculos ou performances, como prefere.
A primeira estréia amanhã em
Campinas, interior de São Paulo.
O título é "Prêt-à-Porter" e reúne
três cenas criadas pelo próprio
elenco do CPT, o Centro de Pesquisas Teatrais do Sesc São Paulo,
formado pelo diretor.
Ele agora se qualifica como um
coordenador, dando mais e mais
liberdade de criação para o ator
-o que entende como resultante
de seu próprio Método, que é concentrado inteiramente na interpretação, e da necessidade de afirmar o que chama de uma "Nova
Teatralidade".
Em entrevista (leia trechos abaixo), ele critica severamente a interpretação no país e declara o teatro brasileiro "falido". Num texto-manifesto que divulgou para os
jornais, com o título "Ser ou Não
Ser, Eis a Solução", o CPT ataca a
"máscara estereotipada" e propõe
o "ator liberto"
Propõe um "afastamento" nada
brechtiano, segundo o diretor: "O
ator-artista é dois. Só distanciado
da realidade do espectador, do cotidiano, mas dentro de uma outra
realidade superior e distinta, ele
pode criar jogos infinitos. Como o
deus Shiva, dançando, cria novos
ilusórios universos."
Outro texto ainda, mais curto,
levado ao Sesc de Campinas, proclama: "Prêt-à-Porter' é uma introdução a um novo conhecimento, que seguramente revoluciona a
arte do ator e solicita a revisão de
conceitos sobre a dramaturgia e a
própria encenação."
No segundo espetáculo sem o
protagonista Luís Melo e no primeiro sem o cenógrafo J.C. Serroni, Antunes concentrou-se inteiramente em seus novos e jovens
atores -ou, na maior parte, atrizes. A sala tem apenas 30 lugares e
o "design" é mínimo.
Sílvia Lourenço, 22, que ajudou
a criar e atua em "Prêt-à-Porter",
descreve -indicada pelo próprio
diretor para falar- os muitos
exercícios desenvolvidos no Método, como Funâmbulo, Bolha, Caminhada, e busca resumir em que
eles se fundamentam:
"A base é a integração do ator
com o fluxo da natureza. A humanidade é quando você consegue
trazer o holograma, a biografia em
detalhes -sensível, emotiva- do
personagem. Aí você está dando
humanidade, o que você só consegue com o afastamento."
Peça: Prêt-à-Porter
Diretor: Antunes Filho
Elenco: Grupo Macunaíma
Quando: Amanhã, sexta e sábado, às 20h
Onde: Emcea, Teatro Castro Mendes (pça.
Corrêa de Lemos, s/n, Vila Industrial,
Campinas, tel. 019/234-1359)
Quanto: R$ 30
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