São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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DA RUA

Mortalidade

FERNANDO BONASSI

Cleverson passou maus momentos quando nasceu. Era magro e verde. Na mesma semana, dois outros bebês não suportaram. Na escola, começou a perder gente ainda no pré-primário. Ninguém que ele conhecesse, mas as pessoas comentavam muito. Conhecidos mesmo foi depois, lá pelos 12. Depois dos 14, acontecia com as pessoas da firma. No Exército, um ou outro saía de licença e não voltava mais. Então as doenças e os carros e as discussões. Com os parentes, começou com os distantes. Um tio da sobrinha, um meio-irmão do pai, um primo do primo. Então aconteceu com os vizinhos, os gatos e as árvores. Em seguida foram os pais e os irmãos. No fim, também encontrou o seu, que de velho ninguém mais quer morrer.


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