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DA RUA
Mortalidade
FERNANDO BONASSI
Cleverson passou maus
momentos quando nasceu.
Era magro e verde. Na mesma
semana, dois outros bebês
não suportaram. Na escola,
começou a perder gente ainda no pré-primário. Ninguém que ele conhecesse,
mas as pessoas comentavam
muito. Conhecidos mesmo
foi depois, lá pelos 12. Depois
dos 14, acontecia com as pessoas da firma. No Exército,
um ou outro saía de licença e
não voltava mais. Então as
doenças e os carros e as discussões. Com os parentes, começou com os distantes. Um
tio da sobrinha, um meio-irmão do pai, um primo do primo. Então aconteceu com os
vizinhos, os gatos e as árvores. Em seguida foram os pais
e os irmãos. No fim, também
encontrou o seu, que de velho
ninguém mais quer morrer.
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