São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Marca ainda é superficialidade e estereótipos

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem tudo são flores na programação jovem. Um dos principais problemas, que a própria pesquisa aponta, é a superficialidade.
Dentre as discussões abordadas, mais de 60% tiveram tratamento superficial, na opinião dos especialistas.
"É um desafio incluir um conteúdo profundo em formatos frenéticos, na estética do videoclipe. Os programas costumam só dar uma pincelada em vários assuntos, de forma fragmentada", diz Veet Vivarta, diretor da Andi, realizadora do estudo.
Outra crítica é o fato de os jovens serem estereotipados e seguirem um padrão de beleza. "Malhação" é citada nesse contexto pelos consultores e por jovens que participaram de grupos de discussão. "Ou o jovem é supercertinho ou destrambelhado; ou é um "nerd" ou um bonitão", disse um dos garotos entrevistados. "Fazem programas para o jovem que só pensa em sair, comprar, querer tudo o que não pode ter", afirmou outro.
Ivana Bentes, professora de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entrevistada na "Remoto Controle", fez coro: "O panorama geral, tanto para crianças como para jovens, parece ser o de programas feitos por adultos com uma visão muito estereotipada, numa repetição infinita de idéias prontas, produzidas sem muita investigação".
Para o cineasta Cao Hamburger, diretor do "Castelo", não há nada muito inovador na TV para teens. Mesmo assim, diz, essas atrações podem dar bons exemplos às dirigidas ao público em geral. "Qual é a diferença entre "Meninas Veneno" [Marina Person, MTV] e "Hebe" [SBT]? E entre "Malhação" e qualquer novela? Na verdade, os formatos são completamente iguais, e os programas jovens conseguem ter um conteúdo melhor."
Quanto à chance de uma TV melhor obter audiência, Cao é otimista: "Qualidade não é inverso de sucesso".
Esse casamento, no entanto, ainda é uma raridade. Dos dez programas analisados pela pesquisa "Remoto Controle", cinco já saíram do ar (veja quadro ao lado).
Os pesquisadores atribuem o fato à "volatilidade da TV". Os grupos de discussão organizados pelo estudo também demonstram que a audiência não está tão perto da TV ideal. Apenas um dos programas avaliados -e elogiados- aparece na lista dos mais assistidos pelos jovens: "Malhação".
A novelinha e o "Altas Horas", da Globo, são os únicos com uma audiência significativa: de janeiro a abril deste ano, foram sintonizados, respectivamente, por 66% e 42% das TVs ligadas em seus horários de exibição. (LM)



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