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Crítica
Welles molda "Soberba" com nuances e cinzas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não sabemos o que seria "Soberba" (Turner Classic Movies, 18h15) caso a RKO não tivesse sido vendida e Orson Welles não tivesse perdido o controle sobre seu segundo filme, de 1942.
Sabemos, no entanto, o que ficou: a magnífica história de uma decadência e de uma ascensão. Assistimos à descida dos Ambersons, com o jovem George (Tim Holt) à frente, carregando o rei na barriga, e a subida de Eugene Morgan (Joseph Cotten), cujo brilho substitui a tradição familiar.
De certo modo, já se vê, é a própria história da América (ou, um pouco mais: da sociedade burguesa), que Orson Welles narra nesta fita magnífica.
E existe ainda, paralelamente, uma história de impossibilidade, já que o amor de Eugene por Isabel (Dolores Costello) tem que ser adiado "sine die", por conta de George. Se "Cidadão Kane" era um filme de contrastes acentuados, de preto no branco, "Soberba" é um filme de nuances, um filme moldado não só nas cinzas dos Ambersons, como no cinza.
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