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Bar vira clube da luta de rapazes em "Mojo"
Disputa por poder guia peça do inglês Jez Butterworth com o Núcleo Experimental do Teatro Augusta
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A escatologia não está no primeiro plano de "Mojo" (1995),
texto do inglês Jez Butterworth, 38, que ganha montagem inédita no Brasil pelo Núcleo Experimental do Teatro
Augusta, em São Paulo.
Mas o diretor Zé Henrique de
Paula, 36, recorre aos fluidos
corporais para ilustrar o modo
violento como seis rapazes disputam feito cães a demarcação
de território. "Não é uma peça
sobre sêmen, mas sobre urina",
sintetiza ele, a despeito da concentração de testosterona.
O que está em xeque é a pulsão aniquiladora do grupo que
freqüenta um bar londrino no
final dos anos 1950. Entre eles,
há um cantor de rock que faz
sucesso no Clube Atlântico. A
popularidade dos shows atrai
um empresário. O sujeito alicia
o astro e manda matar o proprietário. O crime assusta os
dois caras que trabalham na casa. O filho do assassinado também entra na ciranda.
Tanto o suspense policial como o ambiente underground,
embalado por "bolinhas" e músicas de juke-box, surgem de
forma lateral no enredo. O eixo
é a disputa pelo poder nesse estranho círculo de amizades, a
tensão provocada pelas ameaças subliminares ou viscerais,
com faca ou revólver.
"A maneira como esses homens lutam é mais importante
do que o objeto da disputa, o
negócio do bar, dos shows", diz
o diretor. Ele deixa claro o desejo de concentrar a encenação
nos atores. O espaço intimista
da sala experimental, no subsolo do teatro, exige ainda mais
do sexteto Fabrício Pietro, Alexandre Cruz, Thiago Carreira,
Thiago Ledier, Marcelo Góes e
André Montilha.
Metade do elenco vem do espetáculo anterior (que firmou o
núcleo), "R&J" (2006), releitura do americano Joe Calarco
para "Romeu e Julieta".
"A gente encara "Mojo" como
o reverso de "R&J': esta trata da
construção da identidade masculina, com adolescentes descobrindo o amor; aquela, agora,
lida com esses rapazes adultos
que associam virilidade a poder", diz o diretor.
Em tempo: a expressão africana "mojo" designa amuleto
com poderes mágicos.
MOJO
Onde: teatro Augusta - sala experimental (r. Augusta, 943, tel. 0/xx/11/
3151-4141)
Quando: estréia hoje, às 21h30; sex.,
às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 19h;
até 1º/7
Quanto: R$ 20 (sex.) e R$ 30
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