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TV a cabo oferece "self-service" da orientação sexual
GNT exibe minissérie sobre lesbianismo na era vitoriana; questionamento da sexualidade é tema do Canal Brasil
Diretor do festival Mix Brasil diz que há descompasso entre representação da diversidade sexual nas TVs aberta e a cabo no Brasil
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Celebrado na próxima quarta-feira, 28, o Dia do Orgulho
Gay pauta, a partir de hoje, uma
programação extensa na TV a
cabo. No GNT, a maratona temática recebeu o nome de Semana da Diversidade Sexual. O
Canal Brasil vai de Mostra Arco-Íris. E o Sony reserva para a
véspera dos festejos a exibição
do derradeiro "Will & Grace".
Os trabalhos começam nesta
noite, às 22h, na bancada do
"Marília Gabriela Entrevista",
do GNT. A jornalista recebe o
diretor do Mix Brasil (festival
que volta as lentes para a diversidade sexual), André Fischer.
É ele que escolhe o destaque da
grade. "A minissérie "Amor na
Ponta da Língua" faz a linha
"lesbian chic", é bem sexy."
Baseada no romance de Sarah Water, a produção acompanha a transformação de uma
garçonete natural de uma pacata cidade litorânea do sul inglês
em dublê de atriz performática,
prostituta e subjugada sadomasô. O pano de fundo é a Londres
vitoriana do fim do século 19.
Da seleção preparada pelo
Canal Brasil, Fischer sublinha
os curtas-metragens "Vox Populi" ("tem uma pegadinha para o público hetero no final"),
"Alumbramentos" ("mostra a
descoberta da sexualidade de
forma sensível") e "A Dama da
Noite" ("básico para entender a
produção gay brasileira").
O diretor do Mix Brasil aproveita a data para avaliar o espaço dedicado à diversidade sexual na TV. "Há um descompasso. No cabo, estamos bem
representados. A falha é a TV
aberta, que ainda não pode
mostrar nem um beijo [entre
pessoas do mesmo sexo]. A TV
paga está em San Francisco e a
aberta, no Irã."
Outro programa elogiado por
Fischer, a sitcom americana
"Will and Grace" se despede
nesta terça. Em oito temporadas, o seriado extraiu risadas
das idiossincrasias da amizade
entre um advogado gay e sua
melhor amiga, uma decoradora
neurótica.
"Foi um marco na história
das comédias. Com linguajar e
temas da comunidade homossexual, trouxe para o horário
nobre o humor gay, e não sobre
gays", observa Fischer.
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