São Paulo, Sexta-feira, 25 de Junho de 1999
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GASTRONOMIA - VINHO
1.100 degustações num palácio no Porto

JORGE CARRARA
Colunista da Folha

O Palácio da Bolsa, um elegante prédio do século passado, encravado no centro da cidade do Porto, no norte de Portugal, foi o palco, dia 12 de junho passado, de uma das mais extensas e importantes degustações na história dos portos, tintos doces da vizinha região do Douro.
Denominada "Vintages do Século", a degustação foi organizada pelo Instituto do Vinho do Porto, do Icep (Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal), e pelos produtores da região com o objetivo de divulgar os portos. A prova foi dedicada exclusivamente aos "vintage", a mais rara e procurada categoria -verdadeira elite- desses deliciosos vinhos lusitanos (veja quadro ao lado).
Durante cerca de seis horas, os participantes (um total de 62 jornalistas e colunistas especializados, provenientes dos quatro cantos do planeta) tiveram a oportunidade de experimentar 271 "vintages" diferentes, elaborados por 42 dos melhores produtores portugueses.
O elenco incluiu exemplares de safras antigas (1900, 1904, 1908 e 1912, verdadeiras raridades), de safras de qualidade espetacular (1931, 1934, 1935, 1945, 1963, 1970, 1977, 1985, 1994) e de algumas mais recentes, como os de 1996.

Boas surpresas
O painel teve um nível excelente. Entre os "vintages" mais antigos houve (boas) surpresas, como o Ferreira 1900, de cor castanho-clara, parecida a de um "brandy", mas ainda em plena forma, com sabor atraente, mesclando frutas secas e caramelo. E também o Sandeman da mesma safra, de tom levemente rubi e sabor e aroma frutados, próprios de um vinho com um quarto da sua idade.
Entre os destaques, figuram os da Niepoort, especialmente o de 1927, escuro, estruturado, e o de 1955, potente, rico e complexo.
Os portos da Taylor (sempre encorpados, musculares), Fonseca (hedônicos, redondos, densos), Graham's (um meio-termo entre os dois primeiros) e Ramos Pinto (fruta, muitíssima fruta) também brilharam em todas as safras apresentadas, o que não deixa de ser uma boa notícia já que vários dos portos degustados estão disponíveis no Brasil (veja quadro).
Alguns menos conhecidos por aqui -como Martinez, Barros, Gould Campbell e Quarles Harris- causaram (especialmente os de 1985) uma ótima impressão, o que nos deixa torcendo para que desembarquem logo no Brasil.
A organização do evento foi impecável. Um pequeno exército, formado pelos produtores, abriu e decantou (separou o vinho do depósito formado durante o envelhecimento) as cerca de 1.100 garrafas consumidas na prova.
Uma equipe integrada por 30 garçons e "sommelliers" entregou, no tempo certo, milhares de amostras nas várias mesas distribuídas pelo Pátio das Nações.
O imponente espaço do Palácio (cerca de 600 m2 de área e 20 m de pé direito, com uma imensa clarabóia que garantia uma ótima iluminação natural) foi o local escolhido para abrigar essa degustação simplesmente fantástica.


Jorge Carrara participou do evento a convite do Instituto do Vinho do Porto


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