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GASTRONOMIA - VINHO
1.100 degustações num palácio no Porto
JORGE CARRARA
Colunista da Folha
O Palácio da Bolsa, um elegante
prédio do século passado, encravado no centro da cidade do Porto,
no norte de Portugal, foi o palco,
dia 12 de junho passado, de uma
das mais extensas e importantes
degustações na história dos portos,
tintos doces da vizinha região do
Douro.
Denominada "Vintages do Século", a degustação foi organizada
pelo Instituto do Vinho do Porto,
do Icep (Investimentos, Comércio
e Turismo de Portugal), e pelos
produtores da região com o objetivo de divulgar os portos. A prova
foi dedicada exclusivamente aos
"vintage", a mais rara e procurada
categoria -verdadeira elite-
desses deliciosos vinhos lusitanos
(veja quadro ao lado).
Durante cerca de seis horas, os
participantes (um total de 62 jornalistas e colunistas especializados, provenientes dos quatro cantos do planeta) tiveram a oportunidade de experimentar 271 "vintages" diferentes, elaborados por 42
dos melhores produtores portugueses.
O elenco incluiu exemplares de
safras antigas (1900, 1904, 1908 e
1912, verdadeiras raridades), de safras de qualidade espetacular
(1931, 1934, 1935, 1945, 1963, 1970,
1977, 1985, 1994) e de algumas mais
recentes, como os de 1996.
Boas surpresas
O painel teve um nível excelente.
Entre os "vintages" mais antigos
houve (boas) surpresas, como o
Ferreira 1900, de cor castanho-clara, parecida a de um "brandy", mas
ainda em plena forma, com sabor
atraente, mesclando frutas secas e
caramelo. E também o Sandeman
da mesma safra, de tom levemente
rubi e sabor e aroma frutados, próprios de um vinho com um quarto
da sua idade.
Entre os destaques, figuram os da
Niepoort, especialmente o de 1927,
escuro, estruturado, e o de 1955,
potente, rico e complexo.
Os portos da Taylor (sempre encorpados, musculares), Fonseca
(hedônicos, redondos, densos),
Graham's (um meio-termo entre
os dois primeiros) e Ramos Pinto
(fruta, muitíssima fruta) também
brilharam em todas as safras apresentadas, o que não deixa de ser
uma boa notícia já que vários dos
portos degustados estão disponíveis no Brasil (veja quadro).
Alguns menos conhecidos por
aqui -como Martinez, Barros,
Gould Campbell e Quarles Harris- causaram (especialmente os
de 1985) uma ótima impressão, o
que nos deixa torcendo para que
desembarquem logo no Brasil.
A organização do evento foi impecável. Um pequeno exército,
formado pelos produtores, abriu e
decantou (separou o vinho do depósito formado durante o envelhecimento) as cerca de 1.100 garrafas
consumidas na prova.
Uma equipe integrada por 30
garçons e "sommelliers" entregou,
no tempo certo, milhares de amostras nas várias mesas distribuídas
pelo Pátio das Nações.
O imponente espaço do Palácio
(cerca de 600 m2 de área e 20 m de
pé direito, com uma imensa clarabóia que garantia uma ótima iluminação natural) foi o local escolhido para abrigar essa degustação
simplesmente fantástica.
Jorge Carrara participou do evento a convite
do Instituto do Vinho do Porto
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