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"CONTRA O TEMPO"
Ação funciona ao unir hip hop e kung fu
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
"Contra o Tempo" traz a
assinatura de seu produtor, Joel Silver, figura-chave na
Hollywood da era arrasa-quarteirão, nome à frente das séries milionárias "Duro de Matar", "Máquina Mortífera" e "Matrix". Perto desses títulos, "Contra o Tempo" é modestíssimo, um pequeno
"divertissment", talvez por isso
mesmo bem mais agradável de
ver do que vários pesos pesados
do mesmo produtor.
Não que o filme fuja das fórmulas. Ao contrário, é a fórmula elevada à potência máxima, uma fusão de "artes marciais" e "filme de
hip hop" com personagens que
respondem rigorosamente aos estereótipos desses gêneros. Os dois
astros principais são o ator-lutador Jet Li, importado de Hong
Kong, e o ator-rapper DMX. O
próprio Joel Silver define o resultado final como um "filme kung
fu-hip hop", resumo perfeito do
que se vê na tela.
Para a direção, Silver fez a escolha certa ao convocar o experiente
diretor de fotografia Andrzej
Bartkowiak, responsável pela luz
crua de "O Veredito" e "Daniel",
de Sidney Lumet, e "A Honra do
Poderoso Prizzi", de John Huston, e que já havia estreado como
cineasta em "Romeu Tem que
Morrer", também produzido por
Silver. Em geral, os fotógrafos que
assumem a direção tendem a soltar as amarras nos enquadramentos e na luz, com resultados radicalmente artificiais. Bartkowiak
faz exatamente isso, mas num filme perfeitamente adequado a essa proposta, concentrando todos
os esforços para filmar bem as sequências de ação e lutas.
Na mistura de gêneros a que se
propõe o filme, há espaço para
um grande assalto mirabolante,
dando início aos trabalhos e apresentando ao público Tony Fait, o
personagem de DMX. Em montagem paralela, entra em cena Su
(Jet Li), agente do governo de Taiwan que, aparentemente, vem
atrapalhar os planos do bandido.
Mas os dois acabam unidos para combater um mal maior, bandidos que querem leiloar às máfias do mundo armas nucleares
disfarçadas de diamantes negros e
que, para completar, sequestram
a filha de Tony.
A total falta de pretensão filosófica e a presença de dois genuínos
lutadores de artes marciais (Jet Li
e Marc Dakaskos) fazem "Contra
o Tempo" se aproximar muito
mais do melhor cinema de Hong
Kong do que de "Matrix" e seus
efeitos digitais. Da parte do "hip
hop", vem humor e alguma crítica. E o encontro, por estranho que
pareça, funciona às maravilhas.
Contra o Tempo
Cradle 2 the Grave
Produção: EUA, 2003
Direção: Andrzej Bartkowiak
Com: Jet Li e DMX
Quando: a partir de hoje nos cines
Jardim Sul 11, Gemini 2 e circuito
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