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Nova Fronteira passa por mudanças
Uma das mais importantes editoras do país perde diretora editorial e planeja diminuir o número de lançamentos em 20%
Há menos de um mês, fracassou a operação de venda de controle da editora carioca para o grupo português Leya
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das mais tradicionais
editoras brasileiras passa por
grandes mudanças e está agitando o mercado editorial. Menos de um mês após naufragar a
operação da venda de seu controle para o grupo português
Leya, a Nova Fronteira acaba
de perder sua diretora editorial, Izabel Aleixo. A sede da
Nova Fronteira também está
sendo transferida da tradicional casa de Botafogo (ponto conhecido de escritores e intelectuais) para Bonsucesso, onde se
integrará ao grupo Ediouro
-que em 2006 havia adquirido
o seu controle.
O momento não é dos melhores para essa reviravolta. A crise econômica fez as vendas "de
catálogo" (fora os best-sellers)
na Nova Fronteira caírem entre 20% e 30% em 2009, segundo Mauro Palermo, diretor-executivo da editora. O faturamento projetado neste ano é de
R$ 38 milhões, contra R$ 42
milhões em 2008. O número de
títulos enviados às livrarias
também vai cair -serão 20% a
menos até o final deste ano.
Não há dados confiáveis para
se apurar se a crise é geral no
mercado editorial, mas é fato
que o grupo Ediouro, aquele
que tem apostado de forma
mais agressiva no crescimento,
está sentindo particularmente
os efeitos da crise global.
Luiz Fernando Pedroso, diretor-superintendente do grupo Ediouro, disse que o número
de lançamentos mensais das
suas editoras vai cair de 35 para
25. A estimativa anual de faturamento também caiu de cerca
de R$ 110 milhões em 2008 para no máximo R$ 98 milhões
neste ano. "O cenário do ano
passado era um, hoje é outro."
A Nova Fronteira é a principal de uma série de editoras
que a Ediouro comprou nos últimos anos. Entre as mais recentes estão a Nova Aguilar e a
Desiderata. Neste ano, o grupo
completou a aquisição da Duetto, que publica revistas como a
"Scientific American". A
Ediouro também praticou os
lances mais ousados do mercado editorial neste ano, com a
compra dos passes de Rubem
Fonseca e Laurentino Gomes
(autor do best-seller "1808").
A diminuição de títulos e a
mudança da sede da Nova
Fronteira fariam parte da racionalização de custos do grupo, que também inclui corte de
pessoal. Pedroso afirma que
são 10 a 15 funcionários a menos na Ediouro, mas há fontes
no mercado que apontam uma
diminuição de até 50 pessoas.
No final de 2008, 20% do grupo
foi vendido para o fundo de investimento Governança & Gestão (G&G), de Antônio Kandir.
A crise nas vendas influi, mas
o pano de fundo de várias decisões no grupo têm a ver com a
estratégia agressiva de abertura de capital em bolsa, que foi
comprometida.
A aquisição acelerada de editoras, o lançamento de um número grande de títulos e a contratação de escritores fora da
lógica comercial teriam a ver
com os planos de valorização
do grupo para a oferta inicial de
ações. Pedroso diz que o cenário em 2008 era diferente, mas
o objetivo da abertura em bolsa
permanece -"sem pressão".
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