São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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"Mad Men" evita fadiga com reviravolta

Quarto ano da série sobre mundo dos publicitários de Manhattan no início dos anos 60 estreia hoje, nos EUA

Nova temporada começa com agência tentando recuperar sucesso e personagem principal com a vida alterada


"MAD MEN" VIROU UM FENÔMENO CULTURAL, MAIS OU MENOS COMO FOI "FAMÍLIA SOPRANO"

ALESSANDRA STANLEY
DO "THE NEW YORK TIMES"

"Quem é Don Draper?" é a pergunta que abre o primeiro episódio da quarta temporada de "Mad Men", que começa hoje nos EUA. É uma piscadela em direção aos espectadores que passaram três anos vasculhando os segredos e a psique prejudicada do publicitário enigmático.
O drama da emissora AMC sobre publicitários de Manhattan no início dos anos 60 já deixou de ser apenas um favorito cult. "Mad Men" virou um fenômeno cultural, mais ou menos como foi "Família Soprano".
A série mostra um meio comum -a competição no trabalho- e localiza o humor presente nas distorções de uma visão pelo espelho retrovisor. É o espetáculo de gente como a gente fazendo coisas que hoje nos parecem estranhas, como fumar ou deixar as crianças brincar com sacos de lavanderia.
É um seriado que seduziu a moda, a publicidade e a língua inglesa. Há bonecas Barbie e uma linha de roupas "Mad Men" da Banana Republic e livros de cultura pop.
Assim, há uma sobrecarga de "Mad Men" no ar e até uma reação contrária a ele.

FADIGA
A angústia existencial de Don virou cansativa ocasionalmente, assim como seus problemas conjugais. Os espectadores ansiavam por se afastar do front doméstico e voltar às escaramuças em sua agência, Sterling Cooper.
Felizmente, o criador da série, Matthew Weiner, encontrou uma artimanha para evitar a fadiga de "Mad Men" no final do terceiro ano.
A Sterling Cooper está recomeçando, agora como Sterling Cooper Draper Pryce, e Don também o está. Quando a série começou, em 2007, a agência publicitária era tão bem-sucedida que praticamente fazia parte da elite branca americana.
O diretor criativo, Don Draper (Jon Hamm), casado com a bela Betty (January Jones), tinha pouca coisa a comprovar, exceto, talvez, suas façanhas extraconjugais.
Mas, quando a empresa-mãe britânica da Sterling Cooper foi vendida a uma gigante ainda maior de publicidade, Don e seus colegas se separaram dela e perderam sua complacência. Tornaram-se uma agência pequena e empobrecida.
Agora, no início da quarta temporada, um ano já se passou, e os executivos da Sterling Cooper Draper Pryce fazem telefonemas para cortejar clientes. Os contratos desaparecem. A situação dos negócios é precária.
A vida pessoal de Don também está alterada. Betty lançou-se em novo casamento.
E Don agora se vê sozinho em um apartamento escuro, lustrando seus próprios sapatos e saindo com mulheres que não conhece.

REFERÊNCIAS
A narrativa serpenteia por uma linha do tempo de turbulências políticas e transformações sociais, como algo saído da revista "Life" -o assassinato de John Kennedy é um fato transformador.
Mas isso nem sempre fica evidente para quem vive nesse mundo. Os redatores brincam uns com os outros no trabalho. Peggy e um colega chamam um ao outro de "Marsha" e "John", numa alusão a Stan Freberg, redator de anúncios e humorista que fez sucesso em 1951, com um single, "John & Marsha".
Referências como essa amarram o mundo fictício da Draper Pryce ao universo publicitário real daquela época.
Mas essas deixas também carregam a promessa de que a próxima temporada vá novamente girar em torno do local de trabalho. Foi ali que "Mad Men" começou e teve seus melhores momentos. Reiniciar no cenário da disputa profissional é o que este seriado precisa.

"A SÉRIE MOSTRA UM MEIO COMUM -A COMPETIÇÃO NO TRABALHO- E LOCALIZA O HUMOR PRESENTE NAS DISTORÇÕES DE UMA VISÃO PELO ESPELHO RETROVISOR"


Tradução de CLARA ALLAIN


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