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"PAIXÕES PARALELAS"
Demi Moore vive dilema da mulher moderna
CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A mulheres de hoje em dia
vivem um dilema do tipo
Jekyll e Hyde. Enquanto o lado
"médico" quer ficar em casa, ver
as crianças crescerem, fazer compras e cozinhar como a vovó, o lado "monstro" quer ter sucesso na
carreira, sair, ir a festas, viajar.
Como conciliar esses dois lados
se é impossível ser duas pessoas
ao mesmo tempo? "Paixões Paralelas", novo filme de Demi Moore,
parte de uma situação de confusão psicológica que, a princípio,
aparece mesmo como a solução
ideal para a mulher "muderna".
A viúva Marie (Moore) vive em
uma deliciosa casa de campo na
França com as duas filhas, escrevendo críticas literárias para o
"The New York Times". Tudo ali
lembra outra época -até a máquina de escrever que ela utiliza.
Quando dorme, no entanto,
Marie vive outra vida, tão completa em suas complexidades e
pequenos detalhes do cotidiano
quanto a outra. Nela, é Marty,
uma agente literária bem-sucedida e solitária instalada em uma
rua agitada de Nova York.
Como Marie, se apaixona por
um escritor charmoso que havia
achincalhado em uma de suas críticas (o sueco Stellan Skarsgard, o
professor de "Gênio Indomável");
como Marty, pelo doce contador
de um de seus clientes (William
Fichtner, de "Armaggedon").
Não parece perfeito? Seria, se
fosse uma comédia. Mas, como é
um drama, é preciso escolher entre as filhas, a França, a vida no
campo e William (o escritor), ou a
carreira, Nova York, a vida na cidade e Aaron (o contador). Ambas, como na vida real, parecem
excelentes opções e não é possível
para Marie/Marty saber qual delas é a verdadeira. Ó, dúvida cruel.
Não deixa de ser um interessante argumento. Tem algumas sutilezas, como o figurino moderno
da campesina Marie em contraponto com o estilo clássico, quase
vitoriano, da citadina Marty. Na
calma do campo, Marie não larga
o cigarro; Marty deixou de fumar
apesar do estresse nova-iorquino.
Deixa a desejar, no entanto, a
exploração das diferenças de personalidade entre quem faz uma
ou outra opção. Nenhuma das
duas tem um lado "monstro"
realmente, o que, se evita o maniqueísmo dos personagens, também torna o dilema um tanto vazio e o filme, chocho, sem emoção. Mais ou menos como escolher entre ser médico e médico.
Paixões Paralelas
Passion of Mind
Direção: Alain Berliner
Produção: EUA, 1998
Com: Demi Moore, Stellan Skarsgard,
William Fichtner
Quando: a partir de hoje nos cines
Center Norte, Eldorado e circuito
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