São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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"PAIXÕES PARALELAS"
Demi Moore vive dilema da mulher moderna

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A mulheres de hoje em dia vivem um dilema do tipo Jekyll e Hyde. Enquanto o lado "médico" quer ficar em casa, ver as crianças crescerem, fazer compras e cozinhar como a vovó, o lado "monstro" quer ter sucesso na carreira, sair, ir a festas, viajar.
Como conciliar esses dois lados se é impossível ser duas pessoas ao mesmo tempo? "Paixões Paralelas", novo filme de Demi Moore, parte de uma situação de confusão psicológica que, a princípio, aparece mesmo como a solução ideal para a mulher "muderna".
A viúva Marie (Moore) vive em uma deliciosa casa de campo na França com as duas filhas, escrevendo críticas literárias para o "The New York Times". Tudo ali lembra outra época -até a máquina de escrever que ela utiliza.
Quando dorme, no entanto, Marie vive outra vida, tão completa em suas complexidades e pequenos detalhes do cotidiano quanto a outra. Nela, é Marty, uma agente literária bem-sucedida e solitária instalada em uma rua agitada de Nova York.
Como Marie, se apaixona por um escritor charmoso que havia achincalhado em uma de suas críticas (o sueco Stellan Skarsgard, o professor de "Gênio Indomável"); como Marty, pelo doce contador de um de seus clientes (William Fichtner, de "Armaggedon").
Não parece perfeito? Seria, se fosse uma comédia. Mas, como é um drama, é preciso escolher entre as filhas, a França, a vida no campo e William (o escritor), ou a carreira, Nova York, a vida na cidade e Aaron (o contador). Ambas, como na vida real, parecem excelentes opções e não é possível para Marie/Marty saber qual delas é a verdadeira. Ó, dúvida cruel.
Não deixa de ser um interessante argumento. Tem algumas sutilezas, como o figurino moderno da campesina Marie em contraponto com o estilo clássico, quase vitoriano, da citadina Marty. Na calma do campo, Marie não larga o cigarro; Marty deixou de fumar apesar do estresse nova-iorquino.
Deixa a desejar, no entanto, a exploração das diferenças de personalidade entre quem faz uma ou outra opção. Nenhuma das duas tem um lado "monstro" realmente, o que, se evita o maniqueísmo dos personagens, também torna o dilema um tanto vazio e o filme, chocho, sem emoção. Mais ou menos como escolher entre ser médico e médico.


Paixões Paralelas Passion of Mind
   Direção: Alain Berliner Produção: EUA, 1998 Com: Demi Moore, Stellan Skarsgard, William Fichtner Quando: a partir de hoje nos cines Center Norte, Eldorado e circuito




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