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HQ mergulha na mente do autor
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma das histórias que criou,
entre 1998 e 2000, para o site
Cybercomix, Lourenço Mutarelli
incluiu o subtítulo: "Histórias que
Não Existem nem no Papel".
Quatro anos depois, o feitiço virou contra o feiticeiro, e as HQs
virtuais migraram para o álbum,
em papel, "Mundo Pet", que a
editora Devir lança amanhã.
"Desde o começo eu queria transformar aquilo em álbum", justifica o quadrinista. "Todas as páginas eram pensadas como se fossem uma página impressa."
O que mudou, no entanto, foi a
empolgação inicial de Mutarelli
com a nova ferramenta. "Fiz só
duas histórias virtuais ["Mundo
Pet" e "Dói Story'] e vi que aquilo
não era para mim."
Avesso a computadores em geral -só usa para jogar paciência e
escrever no editor de texto-,
Mutarelli conta que aceitou o desafio pela total liberdade que lhe
foi dada para experimentar novos
formatos. "Fazia as histórias em
uma, duas semanas. Nunca pegava uma idéia antiga. Era algo muito prazeroso."
Entre as boas sacadas do quadrinista, está "Stick Note", literalmente rabiscada em um daqueles
bloquinhos amarelos de recados.
Surgiu de uma conversa telefônica que o autor teve com um amigo, que estava à beira do suicídio e
pedia que Mutarelli quadrinizasse
sua história de vida. "Queria tê-la
chamado de "Post-It", que é o clássico, mas o que eu tinha na mão
era o stick note, e o nome teve de
ficar esse mesmo", conta.
Em maior ou menor grau, todas
as 12 histórias de "Mundo Pet"
trazem um pouco do momento
pelo qual o autor passava quando
tinha de entregar o trabalho.
"Crianças Desaparecidas", "Meu
Primeiro Amor" e "Destrudo
-°Pulsão de Morte", por exemplo,
refletem a tentativa de compreender a perda de um irmão para o
crack. Mas, assim como fez com o
suicida (que acabou não se matando) de "Stick Note", ele preferiu metaforizar e manter em sigilo
a identidade do irmão. "Geralmente divido essas coisas com
meus leitores, mas naquele momento não dava."
(DA)
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