São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Crônicas de Gerald Thomas abordam teatro, iPod e açaí

DE SÃO PAULO

Ele teve Samuel Beckett (1906-1989) como mestre, é cria do La MaMa (teatro nova-iorquino dedicado a encenações experimentais) e renovou a cena teatral do Brasil nos anos 80.
Trabalhou na Anistia Internacional e se envolveu na tragédia de 11 de Setembro e na campanha que elegeu o presidente Barack Obama. Gerald Thomas, 57, sempre misturou arte com vida e vida com política. Parte de seu universo múltiplo está no livro "Nada Prova Nada!", que reúne crônicas escritas para a Folha e para seu blog, nas quais repassa acontecimentos dos séculos 20 e 21.
O título é uma fala do personagem de Marco Nanini na peça "Um Circo de Rins e Fígados" (2005), de sua autoria. "O nome tem a ver com uma sociedade que não sabe lutar contra seus representantes", explica Thomas.
Com humor -invariavelmente extraído das grandes e pequenas tragédias cotidianas-, discute política, teatro, televisão, geração iPod, religião, jornalismo e até açaí.
"Há 11 coisas acontecendo na nossa cabeça ao mesmo tempo. O livro é um reflexo disso", fala. "O artista tem veias abertas para o mundo", completa ele, que se divide entre Brasil, EUA, Alemanha e Inglaterra e se diz "quadruplamente" envolvido nos acontecimentos do planeta.
"A história do mundo alimenta a minha arte. Quanto mais você sabe, mais referências vai ter para julgar seu momento", acredita. Thomas discursa com propriedade sobre grandes personalidades desses países, como Pina Bausch, Paulo Autran, Arthur Miller e Susan Sontag. Fala sobretudo sobre Beckett. "Ele foi um mestre, responsável pelo fato de eu acreditar em teatro", conta.
Nos textos, Thomas alterna desânimo profundo com momentos em que celebra arte e vida. "O artista é um bipolar, flutua entre dois extremos, beira a esquizofrenia", diz. "Tem horas em que acho que o mundo é lindo. Em outras, que não vale a pena viver mais uma hora."
(GM)

NADA PROVA NADA!
AUTOR Gerald Thomas
EDITORA Record
QUANTO R$ 42,90 (238 págs.)


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