|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
"Último Tango" é réquiem de um certo mundo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
No mundo de marketing que
é o do cinema, "O Último Tango em Paris" (Telecine Cult,
23h40) ficou bastante conhecido por causa da tal "cena da
manteiga"; por conta disso,
causou escândalo e fez sucesso
mundo afora.
A manteiga serve para mitigar a dor de um coito anal entre
Marlon Brando e Maria
Schneider. Pode-se acrescentar que é a única coisa (à parte
Paris) neste filme de 1972 assinado por Bernardo Bertolucci
que desvia os personagens da
dor, já que tudo parece falar de
um mundo que perdeu suas
ilusões.
Nesse sentido, o diálogo que
se esboça entre "Amantes
Constantes", notável filme de
Philippe Garrel sobre os idos
de 1968 que está entrando em
cartaz nos cinemas de São Paulo, e Bertolucci parece passar
menos por "Antes da Revolução" do que por este "Último
Tango", em que aquele americano perdido na cidade, aos
prantos, parece pressentir que
o Maio de 68 foi o réquiem de
um mundo, e não a aurora que
se imaginava.
Texto Anterior: Debate: Série discute o ceticismo e a música Próximo Texto: Novo "Asterix" é fiel a humor da HQ Índice
|