São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Crítica

"Último Tango" é réquiem de um certo mundo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

No mundo de marketing que é o do cinema, "O Último Tango em Paris" (Telecine Cult, 23h40) ficou bastante conhecido por causa da tal "cena da manteiga"; por conta disso, causou escândalo e fez sucesso mundo afora.
A manteiga serve para mitigar a dor de um coito anal entre Marlon Brando e Maria Schneider. Pode-se acrescentar que é a única coisa (à parte Paris) neste filme de 1972 assinado por Bernardo Bertolucci que desvia os personagens da dor, já que tudo parece falar de um mundo que perdeu suas ilusões.
Nesse sentido, o diálogo que se esboça entre "Amantes Constantes", notável filme de Philippe Garrel sobre os idos de 1968 que está entrando em cartaz nos cinemas de São Paulo, e Bertolucci parece passar menos por "Antes da Revolução" do que por este "Último Tango", em que aquele americano perdido na cidade, aos prantos, parece pressentir que o Maio de 68 foi o réquiem de um mundo, e não a aurora que se imaginava.


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