A carioca Diana Kacso retoma carreira e faz recital hoje no Sesc Pinheiros

Radicada há 30 anos nos EUA, ela foi finalista dos principais concursos mundiais e diz que deixou os palcos para ter filhos

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ela foi finalista dos principais concursos de piano do planeta, largou a carreira no auge e agora, 20 anos depois, está retomando as atividades, de volta aos concertos.
Radicada nos Estados Unidos há mais de três décadas (fala português com leve sotaque, misturando com palavras inglesas), a carioca Diana Kacso, 54, faz recital hoje no palco do Sesc Pinheiros.
Kacso começou a estudar piano aos 6 anos de idade, no Rio de Janeiro, e, aos 18, ganhou bolsa para estudar na Juilliard School, em Nova York, cidade onde reside até hoje. "A Juilliard, naquela época, era altamente competitiva, e o que fazia a reputação de alguém era ganhar concursos", conta a veterana pianista.
Depois de um sexto posto no concurso Chopin, de Varsóvia, em 1975 (edição vencida pelo genial Krystian Zimerman), ela obteve, entre outros resultados notáveis, o primeiro prêmio em Viña del Mar (1978), e segundos lugares em Atenas (Gina Bachauer, 1982), Tel Aviv (Arthur Rubinstein, 1977) e Leeds (1978).
Sua performance nesta última competição chamou a atenção do mais prestigiado selo erudito, a Deutsche Grammophon, pelo qual ela gravou um LP com a grande peça de sua apresentação de hoje, a monumental "Sonata em Si Menor" de Liszt (exigente e difícil, o programa é complementado por quatro baladas de Chopin).

Fora de cena
Centrada em obras virtuosísticas do repertório romântico, a carreira de Kacso ia tão bem que o público que compareceu ao Festival de Inverno de Campos de Jordão em 1986 mal podia imaginar que estava vendo sua última aparição pública no Brasil -a derradeira apresentação internacional foi em Savannah (EUA), em 1992. "Eu tive filhos e, desde então, resolvi dedicar minha vida a eles", conta Kacso. "Foi uma decisão consciente, da qual não me arrependo."
A música não ficou completamente fora de sua vida. Kacso vinha dando aulas de piano até que, no ano passado, conheceu o diretor da Escola Municipal de Música, Henrique Autran Dourado, que acabou sendo o artífice e incentivador da retomada de sua carreira.
A primeira aparição pública foi em abril de 2007, na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, ao lado do filho de 14 anos, o violoncelista Gabriel Penny. Desde então, houve concertos com as orquestras sinfônicas municipais de Campinas e São Paulo.
"Você tem que voltar à forma física para tocar um recital. Não são só os dedos", explica. "Tenho me "aclimatado" de novo a isso nos últimos seis meses. Já comuniquei aos meus alunos de piano que, neste ano, eles não vão ter aulas comigo."