|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nestrovski lança livros de crítica e obra infantil
Músico, articulista da Folha e editor da Publifolha reúne resenhas feitas nos últimos anos em "Outras Notas Musicais"
Volumes sobre música e
literatura incluem textos
que saíram na Folha; infantil
"Agora Eu Era" é inspirado
em música de Chico Buarque
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
O violoncelista Antonio Meneses ergueu o punho fechado,
como se fosse um roqueiro, ao
subir ao palco pela terceira vez.
Testemunhou a cena só
quem estava na Sala São Paulo
naquele 8 de abril de 2004, mas
quem leu a Ilustrada dois dias
depois também pode visualizá-la, na crítica de Arthur Nestrovski, músico, articulista da
Folha e editor da Publifolha.
A descrição pode ser lida no
recém-lançado "Outras Notas
Musicais". O livro é um dos três
de Nestrovski que chegam às livrarias neste ano. Há pouco,
saiu pela Companhia das Letrinhas "Agora Eu Era", ilustrado
por Laerte. A Ateliê Editorial
publica em breve as críticas literárias de "Palavra e Sombra".
Como o próprio autor destaca em "Outras Notas Musicais",
quase todos os 333 textos do
volume "foram escritos no calor da hora" e publicados na Folha, entre 1999 e 2009. Eles
mostram um cuidado -permitir ao leitor sentir como se presenciasse grandes momentos
da história recente da música
no país, seja num concerto, seja
em disco lançado por aqui.
Isso inclui de apresentações
da Osesp a análises sobre a obra
da experimental Björk, passando por shows de João Gilberto,
como o de 2002, em São Paulo,
em que ele "profanou sua santidade e trocou os acordes".
"O texto precisa sugerir uma
experiência tocante, informar
os fatos e fazer pensar sobre
eles", afirma o autor, que faz 50
anos em dezembro.
O volume é uma espécie de
sequência de "Notas Musicais"
(2000), mas há diferenças. Foi
em 1999, afinal, que a vida musical paulistana se transformou, com a criação da Sala São
Paulo. Assim, o novo livro privilegia concertos, enquanto o de
2000 tratava mais sobre discos.
Outra mudança foi que, em
2004, Nestrovski voltou a se
apresentar como violonista. Isso o afastou da MPB nas críticas -por fazer parte do cenário, achou melhor evitá-las- e
o fez valorizar ainda mais a argumentação. "Há grande diferença entre opinião e crítica. O
objetivo da crítica é compreender o projeto de um artista nos
termos do artista. O crítico não
é professor, não é juiz."
A opinião vale também para
"Palavra e Sombra", que inclui
análises de obras de autores de
língua inglesa e portuguesa,
além de seção sobre fotografia e
teatro. Assim como quando escreve sobre música, Nestrovski,
doutor em literatura e música
pela Universidade de Iowa
(EUA), evita usar o "eu" ao resenhar livros -também para
não soar como juiz.
Só na literatura infantil -que
já o levou a ganhar um de seus
prêmios Jabuti- ele quebra essa regra. "De tudo o que exerço
como profissão, a literatura infantil é o que faço de modo mais
livre. Não é uma área que eu tenha estudado. Só ali me permito falar na primeira pessoa."
"Agora Eu Era", seu mais recente livro do gênero, foi inspirado na letra de "João e Maria",
de Chico Buarque, e traz elucubrações infantis sobre o futuro:
"Agora eu era astronauta", agora eu era jornalista", e por aí vai.
O expediente de recorrer à
primeira pessoa também foi
usado nas ilustrações por Laerte, cartunista da Folha. "Quem
está lendo vira a criança, vendo
o mundo de dentro pra fora",
diz Nestrovski. "O Laerte é um
dos maiores poetas do país."
OUTRAS NOTAS MUSICAIS
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 45 (592 págs.)
PALAVRA E SOMBRA
Editora: Ateliê Editorial
Quanto: a definir (164 págs.)
AGORA EU ERA
Ilustrações: Laerte
Editora: Companhia das Letrinhas
Quanto: R$ 32 (56 págs.)
Texto Anterior: Crítica/ "Vila 21": Argentino começa promissor, mas tromba com cacoetes Próximo Texto: Ana de Hollanda mostra lado compositora em quarto disco Índice
|