|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Americano "adota" Pessoa e cura mostra no Brasil
Formado em letras nos EUA, Richard Zenith vive em Lisboa e traduz o poeta
Tradutor faz curadoria da exposição sobre o português no Museu da Língua Portuguesa, vista por 41 mil pessoas
SILVANA ARANTES
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA
Por trás da exposição "Fernando Pessoal, Plural como
o Universo" -que atraiu 41,7
mil visitantes em seu primeiro mês em cartaz no Museu
da Língua Portuguesa, completado nesta semana-, há
um norte-americano que fez
da língua portuguesa sua pátria e de Pessoa, o centro de
seu mundo profissional.
Richard Zenith, 54, assina
a curadoria da exposição,
com o brasileiro Carlos Felipe
Moisés. "Pode haver outros
poetas tão bons quanto Pessoa; dificilmente há escritores tão vastos", diz à Folha,
por telefone, de Lisboa, onde
se instalou em 1987, com um
diploma de letras da Universidade de Virginia (EUA).
Zenith aprendeu português no Brasil, durante estada acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina.
Tornou-se tradutor de Pessoa para o inglês e autor de
ensaios sobre a sua obra, em
cuja parcela escrita em inglês
ele nota "a falta de alguma
coisa de carnal em relação à
língua, embora Pessoa a dominasse perfeitamente".
A hipótese do especialista
é que, por timidez, Pessoa
pouco falava inglês. Ou melhor, Pessoa pouco falava.
A reserva do poeta, sua obsessão pela literatura, seu interesse pela política e pelos
personagens de seu tempo
("O único homem verdadeiro
que há no mundo hoje é Gandhi", disse Pessoa) e o comportamento do escritor, que
Zenith julga ser o de "um falso assexuado" são traços que
o tradutor hoje esmiúça, para
a biografia que escreve sobre
Pessoa, ainda sem data de
lançamento prevista.
Paralelamente à escrita do
livro, Zenith segue traduzindo, atividade que define como "uma leitura em profundidade". Mas brinca com o
famoso verso pessoano sobre
o fingimento do poeta: "Um
dia, vou escrever o livro "O
Tradutor É um Fingidor'".
Poderá talvez classificá-lo
como autobiográfico, já que,
segundo verso de Pessoa em
destaque na exposição no
Museu da Língua Portuguesa, "fingir é conhecer-se".
FERNANDO PESSOA, PLURAL
COMO O UNIVERSO
QUANDO de ter. a dom., das 10h às
18h; até dia 30/1
ONDE Museu da Língua
Portuguesa (pça. da Luz, s/nº,
centro, tel. 0/xx/11/3326-0775)
QUANTO R$ 6, grátis aos sábados
CLASSIFICAÇÃO não informada
Texto Anterior: Drauzio Varella: Abecedário vitamínico Próximo Texto: Gemini, 35, fecha suas portas amanhã Índice | Comunicar Erros
|