São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Americano "adota" Pessoa e cura mostra no Brasil

Formado em letras nos EUA, Richard Zenith vive em Lisboa e traduz o poeta

Tradutor faz curadoria da exposição sobre o português no Museu da Língua Portuguesa, vista por 41 mil pessoas

SILVANA ARANTES
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Por trás da exposição "Fernando Pessoal, Plural como o Universo" -que atraiu 41,7 mil visitantes em seu primeiro mês em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, completado nesta semana-, há um norte-americano que fez da língua portuguesa sua pátria e de Pessoa, o centro de seu mundo profissional.
Richard Zenith, 54, assina a curadoria da exposição, com o brasileiro Carlos Felipe Moisés. "Pode haver outros poetas tão bons quanto Pessoa; dificilmente há escritores tão vastos", diz à Folha, por telefone, de Lisboa, onde se instalou em 1987, com um diploma de letras da Universidade de Virginia (EUA).
Zenith aprendeu português no Brasil, durante estada acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina. Tornou-se tradutor de Pessoa para o inglês e autor de ensaios sobre a sua obra, em cuja parcela escrita em inglês ele nota "a falta de alguma coisa de carnal em relação à língua, embora Pessoa a dominasse perfeitamente".
A hipótese do especialista é que, por timidez, Pessoa pouco falava inglês. Ou melhor, Pessoa pouco falava. A reserva do poeta, sua obsessão pela literatura, seu interesse pela política e pelos personagens de seu tempo ("O único homem verdadeiro que há no mundo hoje é Gandhi", disse Pessoa) e o comportamento do escritor, que Zenith julga ser o de "um falso assexuado" são traços que o tradutor hoje esmiúça, para a biografia que escreve sobre Pessoa, ainda sem data de lançamento prevista.
Paralelamente à escrita do livro, Zenith segue traduzindo, atividade que define como "uma leitura em profundidade". Mas brinca com o famoso verso pessoano sobre o fingimento do poeta: "Um dia, vou escrever o livro "O Tradutor É um Fingidor'".
Poderá talvez classificá-lo como autobiográfico, já que, segundo verso de Pessoa em destaque na exposição no Museu da Língua Portuguesa, "fingir é conhecer-se".


FERNANDO PESSOA, PLURAL COMO O UNIVERSO

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; até dia 30/1
ONDE Museu da Língua Portuguesa (pça. da Luz, s/nº, centro, tel. 0/xx/11/3326-0775)
QUANTO R$ 6, grátis aos sábados
CLASSIFICAÇÃO não informada



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