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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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FILMES E TV PAGA

Michael, Anjo e Sedutor
SBT, 14h20.
 
(Michael). EUA, 96. Direção: Nora Ephron. Com John Travolta, Andie MacDowell, William Hurt. Hurt, jornalista -portanto cético- vai a uma cidadezinha averiguar a proclamada existência de um anjo. Como o filme é de Nora Ephron, barata imitadora de Frank Capra, o anjo existe mesmo e, com a doce MacDowell (melosa, diriam outros com mais razão), acaba transformando o frio coração do jornalista. Um abraço.

A Inquilina
Globo, 23h05.
 
(The Surrogate). EUA, 95, 88 min. Direção: Jan Egleson/Raymond Hartung. Com Connie Sellecca, David Dukes, Alyssa Milano. Mãe de aluguel descobre-se, a horas tantas, vigiada por câmeras de TV. Feito para TV. Inédito.

Moscou contra 007
SBT, 0h.
   
(From Russia with Love). Inglaterra, 63, 125 min. Direção: Terence Young. Com Sean Connery, Pedro Armendariz. As mulheres, o fraco de James Bond, são a isca da sinistra organização Espectro para derrubar o agente britânico e se apoderar de importante arma. O segundo e um dos melhores 007.

Luxúria e Ganância
Bandeirantes,1h.
 
(Madam Savant). EUA, 96, 89 min. Direção: Mike Marvin. Com Kira Reed, Bianca Rocilli. Depois que o marido a pilha com outro, mulher separa-se, muda de cidade e passa sua primeira noite numa festa de bordel. A polícia invade o local, ela fica com uma caderneta de endereços da madame (a cafetina). Esta morre, a garota descobre que a caderneta é o equivalente a ouro. Assunto não falta, mas este filme só tem fama de ter mulheres bonitas, o que já é alguma coisa.

Dia da Justiça
SBT, 2h20.
 
(Deadlocked). EUA, 2000. Direção: Michael W. Watkins. Com David Caruso, Charles S. Dutton. Pai sequestra o júri que condenou seu filho por estupro e assassinato. Para libertar os jurados, exige que o promotor do caso prove, em um dia, a inocência do rapaz. Feito para TV.

A Volta da Família Sol, Lá, Si, Dó
Globo, 3h55.
  
(A Very Brady Sequel). EUA, 96, 90 min. Direção: Arlene Sanford. Com Shelley Long, Gary Cole. Tudo vai bem para Shelley Long em seu segundo casamento, quando surge em sua vida alguém que pretende ser seu primeiro marido, que se supunha morto. O argumento é capenga. Vale aqui a simpatia da família que vive como se os anos 70 continuassem intactos.

Nosso Querido Bob
SBT, 4h.
   
(What about Bob?). EUA, 91, 99 min. Direção: Frank Oz. Com Bill Murray, Richard Dreyfuss, Julie Hagerty. Psiquiatra em férias é perseguido por paciente. Do repouso ao inferno, o filme encontra um viés original para tratar de férias frustradas. Só para São Paulo. (IA)

"A Mosca" mergulha na angústia humana

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há duas características que tornam apavorantes as mutações que costumam viver os personagens de David Cronenberg. A primeira é que vivem a mutação em estado de euforia. A segunda é que a mutação é terrivelmente concreta.
Se assistimos a "A Mosca de Cabeça Branca", que Kurt Neumann fez em 1958, logo percebemos seu caráter abstrato. Já o "remake" feito 1986, "A Mosca", é quase insuportavelmente mergulhado no sensível.
Parece que a Neumann só interessava a idéia de um homem transformando-se em inseto, perdendo sua humanidade por buscar os limites da existência. A Cronenberg isso também interessa, mas apenas como decorrência da transformação física em si. Eis o que torna o filme tão repugnante quanto atraente.
Aqui, Jeff Goldblum é o cientista que realiza experiências de transporte da matéria no espaço, como que desmontando e remontando corpos átomo por átomo. Como bom cientista cronenberguiano, ele é sua própria cobaia.
Durante a experiência acontece o que todos sabemos: uma mosca intromete-se no processo. A partir daí, começa a transformação do cientista.
De início, ele é só alegria. Sua força torna-se descomunal, ele parece esses mastodontes de academia de musculação. Não é mais o conhecimento que o inspira, mas a força bruta.
Não será assim até o final, pois a partir de certo ponto o lado animal que ele descobre em si torna-se "o" lado, e a situação beira a tragédia, pois as características humanas tendem a minguar dolorosamente.
Ninguém melhor do que David Cronenberg tem intuído o homem mutante da passagem do século 20 para o 21 e sua angústia: somos a experiência errada de um deus menor, ou seremos o deus de nós mesmos?


A MOSCA. Quando: hoje, às 22h, no canal Fox.


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