São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

A noite está desgovernada!

Amaury Jr. inaugura clube que cobrará anuidade de R$ 5.000 e diz que vetará os "bandidos da luz vermelha" que vão às casas noturnas da cidade

Letícia Moreira/Folha Imagem
O apresentador Amaury Júnior faz pose entre as bailarinas de seu Club A, que inaugurou na quinta-feira passada

Não adianta espernear. Amaury Jr. avisa que vai ser "hitleriano" na seleção dos frequentadores do Club A, a casa noturna privê que ele e mais sete sócios acabam de inaugurar no Sheraton São Paulo WTC Hotel, no Brooklin. A festa black-tie, para 1.600 pessoas, foi na quinta-feira. "Hoje em dia, você vê bandidos da luz vermelha entrando em tudo quanto é casa noturna dita de elite. Aqui não entra. Vou vetar", diz o consagrado colunista social e apresentador do "Programa Amaury Jr.", de entrevistas com celebridades, ao repórter Paulo Sampaio.

 

Em sua cruzada para acabar com a promiscuidade social na cidade, o apresentador e seus sócios investiram "mais de R$ 10 milhões". "A noite está desgovernada!", exclama Amaury, entre duas imensas "palmeiras" decoradas com 22 mil cristais Swarovski. O decorador José Antonio de Castro Bernardes, que preferiu o marrom ao preto nos estofados, diz que é difícil avaliar quanto se gastou no clube, "porque o Amaury conseguiu muita coisa". Permuta? "Isso."

 

Amaury caminha pelos ambientes do clube de 1.200 m2 mostrando cada detalhe do restaurante, da pista de dança, do palco. Pele muito lisa, cabelos amarronzados, copo de Martini na mão, Amaury explica na ala externa, onde está a piscina de 300m2, que ali vão se realizar brunches aos domingos.

 

O estilista Amir "Rosa Chá" Slama, sócio mais famoso da casa (depois de Amaury, of course) e mentor dos brunches, explica como vê o Club A: "A gente perdeu a ideologia. Não tem mais esquerda nem direita, então tudo se resolve no sonho", ele diz, olhando para o minibalcão redondo instalado em cima da porta giratória que dá acesso à piscina. Estão ali, prontos para fazer um "pocket show", duas bailarinas de maiô preto e enormes cílios postiços e um trompetista.

 

Para se certificar de que a seleção dos frequentadores será rigorosa, Amaury e seus parceiros contam com cerca de 30 embaixadores que vão indicar nomes de pessoas dignas de frequentar o "club".

 

Desnecessário dizer que esses embaixadores pertencem à mais refinada estirpe social de SP. Marina Mantega, por exemplo, filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, já encaminhou sua listinha de aspirantes. Ela e quatro amigas-embaixadoras explicam à coluna o "perfil do sócio".

 

"São pessoas inteligentes, em primeiro lugar. Gente em quem nós apostamos, que sabe o que quer, que trabalha, tem o seu dinheiro...", diz a empresária Bruna Ribeiro, 23, que chegou ao clube em um vestido preto de paetês e perguntando se a sombra escura Nars que ela aplicou às pressas está ok. ""Tá" lindo, Bru", diz Maria Cortez, filha do ator Raul Cortez e da socialite carioca Tânia Caldas.

 

Marina Mantega também aposta em gente inteligente. Pessoalmente, ela tem suas preferências: "Adoro playboys. Meu namorado é [playboy], e eu o amo de paixão", declara. Na lista da filha de Guido, não há políticos: "No máximo, meu pai", diz. Nenhum amigo dele? Delúbio Soares, por exemplo? "Nem sei se ele é amigo do Delúbio", diz Marina, ajeitando distraidamente as pontas cacheadas dos cabelos loiros, enquanto se ajeita para a foto com o salto cravado no veludo vermelho do sofá. Ela chegou ao clube de jeans, com o vestido Daslu e a bolsa Chanel dentro de uma sacola.

 

"Ih, gente, vai começar a discutir política, é?", pergunta, com ar aborrecido, a melhor amiga de Marina, a ex-dasluzete (são três, no grupo) Fernanda Rolim, 27, de vestido e sapato Valentino. O relógio é Rolex.

 

Fê explica que já tem muita gente ligando para se candidatar a sócio, "uma loucura". Será que as embaixadoras vão ganhar comissão? "Não", dizem todas, com o ar de quem não havia pensado nisso. "Pra gente, é "networking'", diz Fê.

 
Stellinha Jacintho, que vem de uma dinastia de mulheres-socialites, avó, tia, irmã, e é dona de uma grife para a qual "a Bruninha desenhou uma minicoleção", conta que passou suas últimas férias na Croácia. "Minha tia me mostrou uma foto da "cabeça" que ela usou para ir à inauguração do Gallery", conta Stellinha, citando a referência que ela tem do clube noturno frequentado pela alta roda dos anos 80, no qual Amaury se inspirou para montar o Club A.

 
As embaixadoras afirmam que não pretendem derrubar ninguém que queira ser sócio. O aspirante que tem grana, mas é considerado bronco, por exemplo, "vai ser superbem aceito". Não que elas conheçam alguém assim. "É difícil. Todas nós somos amigas, circulamos no mesmo meio. Eles fizeram a seleção das embaixadoras pensando nisso", explicam.

 

Ausência sentida: na antevéspera da festa, não se sabia informar o paradeiro do embaixador Dimitri Mussard Hermès, 24, herdeiro da grife francesa e o partido mais alvejado pelas amigas das embaixadoras e as amigas das amigas delas (que também têm paixão pelas bolsas da marca, vendidas no Brasil por até R$ 120 mil). Mussard saiu à francesa, sem dar muitas satisfações. Parece que passou a semana em Florença e comemorou o aniversário da mãe em Paris.

 

Embaixadores à parte, se o candidato a sócio não sofrer o veto hitleriano de Amaury, então pode passar a frequentar o "club" mediante o pagamento de uma anuidade: R$ 5.000, o casal; R$ 4.000, homem; R$ 1.500, mulher.

 

Quem cuida do "membership card" é Vanessa Glaz, 21, que está entre os sete sócios de Amaury. Ela explica: "Eu passo os contatos que recebo dos embaixadores para meus representantes, eles marcam uma reunião no escritório deles. É legal, antes de comprar uma coisa, saber direitinho do que se trata. Você vai a uma loja comprar uma camiseta, precisa conhecer o que está levando, sabe assim?", diz Vanessa. Ela afirma que sua irmã, Dani, 19, que "adora conversar", vai cuidar dos eventos.

 

Loiras, altas e vistosas, Dani e Van contam que moraram fora durante sete anos, em Miami, e por isso já tinham "essa cabeça do "membership'". "Pra gente, clube privê é a coisa mais natural do mundo."

 

Ao leitor aspirante a sócio, uma dica: procure não se referir ao Club A como "balada". "Não usamos o termo", diz a curadora musical Carol Gentil, 25, contratada para tocar o que há de mais "trendy". Carol prefere chamar o A de "clube sensorial de relacionamento".

 

"Aumenta essa porra aí!", grita Amaury, enquanto o DJ põe pra tocar uma faixa do CD "Amaury Jr. - Volume 2". É uma versão dance para "What the World Needs Now is Love", de Burt Bacharach. "Vendi 300 mil CDs", conta ele. "Sabe quanto o Roberto Carlos vende, hoje? 100 mil. Eu sou uma zebra no mercado musical!"

 

Amaury dá mais alguns passos e diz, como se preciso fosse, que sua ambição é "muito maior". "O Rio quer um Club A; Manaus quer...Florianópolis quer... PARIS QUER!!!"

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