São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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Cobain
BILHETES SUICIDAS

"Não leia meu diário quando eu não estiver. OK, estou indo trabalhar agora. Quando você acordar nesta manhã, por favor leia meu diário. Olhe minhas coisas e me entenda."

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Kurt Cobain (1967-94) não consegue se livrar da cultura pop, mesmo oito anos depois de ter dado um tiro na cabeça por causa dela. Mártir da indústria fonográfica, voz de uma geração, último grande astro do rock e blablablá, o atormentado ex-líder do grupo Nirvana é novamente assunto por todo lugar pop que se olhe. Isso graças aos (enfim) recentes lançamentos de um livro definitivo sobre o roqueiro e do primeiro disco, pós-suicídio, de canções originais de sua seminal banda.
A epígrafe acima abre "Journals", os diários de Cobain, que foi lançado há duas semanas nos EUA e na Europa. O polêmico livro traz páginas dos cadernos pessoais em que o líder do Nirvana mostra, de punho próprio e em anotações amargas, espertas, bobas, alegres, os indícios que o levaram a fazer o que fez numa manhã de abril de 94, em Seattle.
"Journals" (ed. Riverhead, 288 págs.) revela o mundo segundo Cobain, através de desenhos, esboços das famosas letras, listas de bandas prediletas, cartas não enviadas, descrição da banda para conseguir empréstimo para gravar o primeiro disco, críticas à indústria, reflexões sobre a fama.
"Journals" pegou muito mal em boa parte da camada roqueira dos EUA, especialmente entre seus ex-companheiros de banda, Dave Grohl e Krist Novoselic. "A publicação é absurda e ofensiva. Não é certo abrir assim anotações pessoais de alguém que nem tem como se manifestar se é contra ou a favor da publicação", disse Novoselic à Folha, por e-mail.
"Journals" foi achado na casa de Cobain, nos dias que sucederam sua morte, por um então membro do Hole, banda da viúva do roqueiro, Courtney Love. O livro teve edição dirigida. As páginas dos diários de Cobain foram selecionadas por Love, que extraiu partes em que o líder do Nirvana falava pesadamente de sua relação (e de Love também) com a heroína e do casamento.
Love, dona do espólio de Kurt Cobain, vendeu os direitos de reprodução dos diários de Cobain por US$ 4 milhões (mais de R$ 14 milhões).
Não há previsão de lançamento de "Journals" no Brasil. É incabível imitar, em português, a escrita de Cobain. E o livro teria de ter o dobro de seu número de páginas original para comportar sua tradução.
É possível encomendá-lo em São Paulo, na livraria Cultura (tel. 0/xx/11/3285-4033). A importação da edição inglesa pela livraria sai por R$ 125,80.


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