São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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NIRVANA

Um livro sacana e histórico; um CD sacana e obrigatório

DA REPORTAGEM LOCAL

Você pode engrossar o coro dos descontentes com a publicação de "Journals" ("sacanagem com Cobain!") ou fazer parte dos que vêem o livro como emocionante, histórico e documental, de grande importância ao rock e aos fãs do Nirvana, na medida em que expõe as vísceras de uma das figuras jovens mais emblemáticas dos últimos tempos.
O certo é que o livro ajuda a saciar a curiosidade de saber como alguém tão talentoso, rico e admirado, que estourou com sua banda em 1991, em três anos terminou mandando para os ares, mesmo, a própria vida e a tal banda. Os mesmos Cobain e Nirvana que ainda hoje, ao menor espirro pop, são recriados em revival nas rádios, clubes e MTV.
Impressiona ainda ver como Cobain, que meticulosamente traçava os rumos do Nirvana, escrevendo releases de apresentação da banda, demitindo por carta o baterista, fazendo roteiro dos clipes e desenhando modelito de camiseta do grupo, não conseguiu suportar o repuxo da fama que, parecia, administrava bem.
Portanto chega a ser natural ler em "Journals" coisas como:
"Agora é apenas uma questão de tempo para as gravadoras nos caçarem avidamente", quando a banda se estabeleceu em Seattle.
E depois: "Eu não estou suportando o sucesso! O sucesso! Sinto-me tão incrivelmente culpado".
"Journals" é ao mesmo tempo sacana, sim, e fundamental para entender a máquina pop, sim.

O disco
Dispensam considerações as faixas 2 a 14 do "The Best of" do Nirvana, já nas lojas estrangeiras desde o começo do mês e que ganha edição nacional na semana que vem, via Universal.
Sobre a importância, pungência e urgência do legado musical deixado pelo grupo de Cobain, as canções, de "About a Girl" à cover bowieana de "The Man Who Sold the World", falam por si só. A coletânea, artifício fácil para vender e que desencalacrou após pendenga judicial infindável entre a viúva e os ex-integrantes, é abrilhantada pela presença da inédita "You Know You're Right".
Seguindo a fórmula que consagrou a banda, "You Know You're Right" é Nirvana em sua essência. A levada som calmo-depois explosivo-depois calmo da música mata a saudade das viúvas da banda ao mesmo tempo em que dá pistas à nova geração de onde foram beber o novo rock e os grupos oportunistas da ocasião.
O restante do álbum é o Nirvana de sempre. Obrigatório, pois.
(LÚCIO RIBEIRO)

Avaliação de "Journals":



    

Avaliação de "Nirvana":


    


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