São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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POP

Gaúcho lança CD influenciado pela música francesa e estréia no cinema com o média-metragem "Apartment Jazz"

Jupiter entra em novas órbitas sonoras

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Ele já teve música na abertura da novela global "Top Model" (89) -quando tocava na banda Cascavelettes-, reinventou-se como artista psicodélico em plenos anos 90 e depois brincou de cantar bossa nova em inglês.
O gaúcho Flávio Basso, 34, mais conhecido como Jupiter Apple, já esteve muitas vezes perto do sucesso no restrito mercado do rock brasileiro. Com "Hisscivilization", seu terceiro disco solo, ele joga tudo para o alto e embarca de vez na música anticomercial.
Um dos melhores letristas de sua geração, Jupiter adota o inglês na maioria das composições, para lamúria de fãs de canções como "O Novo Namorado" e "Eu e Minha Ex". Em alguns versos, arrisca timidamente o português, o francês e até o latim. Interesse pelo mercado estrangeiro e sinal de cansaço após anos de batalha por um lugar na música brasileira?
"Não é uma questão de mercado. Quero me comunicar com o maior número de pessoas. Com o inglês, minha música pode ser mais universal", explica o artista. "Sob um ponto de vista extremamente intelectual, o português pode ser elitista."
Jupiter tem noção de que, nas atuais circunstâncias do rock brasileiro, há pouco interesse de gravadoras locais por tal opção. "Sou meio lunático, fiquei possuído pelo conceito do álbum", define.
A escolha por tal estética explica em grande parte sua volta ao underground, após uma parceria com a gravadora Trama em 1999. "Sinto-me indo contra a maré. Vivo apenas de música, meu padrão de vida sempre oscila", diz.
"Hisscivilization" é, portanto, uma continuação de seu trabalho anterior, "Plastic Soda" (99), recheado de influências de rock psicodélico e bossa nova, e traz uma nova banda de apoio: uma vocalista (Talitha F. Jones) e participações de Fabio Golfetti (Violeta de Outono) na cítara.
O vocal feminino acentua sua nova obsessão: França. "Tenho escutado muito Stereolab e Françoise Hardy", explica. No "pacote jupiteriano", novas atividades começam a aparecer. Quem for ao lançamento do disco em São Paulo, no próximo sábado, às 21h, no MAM (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš, pq. Ibirapuera, tel. 0/ xx/11/ 5549-9688, ingr. R$ 10) vai assistir ao média-metragem "Apartment Jazz", estréia de Jupiter como cineasta. "É um filme sobre dois desocupados, narrado em francês e falado em inglês. Tem influências da nouvelle vague e François Truffaut", explica.


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