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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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CINEMA

Mostra com longas-metragens inéditos no Brasil usa tema das drogas para apresentar sociedade espanhola atual

Mosaico de filmes constrói Espanha contemporânea

DA REPORTAGEM LOCAL

Um Almodóvar inédito no Brasil, um Saura sobre neofascismo, cinco filmes que têm como ponto em comum a convivência com entorpecentes.
A mostra "Cinema Espanhol -Visões sobre Drogas", que começa hoje pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), conduz o espectador paulistano a um retrato contundente da sociedade contemporânea daquele país, pelas câmaras de alguns de seus maiores realizadores.
Serão 14 sessões até o próximo domingo, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil, no centro de São Paulo. Quatro dos cinco longas nunca foram exibidos em circuito comercial no Brasil: "Que Fiz para Merecer Isto?" (1984), de Pedro Almodóvar, "Dias Contados" (1994), de Imanol Uribe, "Martin (Hache)" (1997), de Adolfo Arastarain, e "Morrer ou Não" (1999), de Ventura Pons. A única exceção é "Táxi" (1996), de Carlos Saura, exibido no país por poucos dias em 1998.
O evento é uma co-realização do Centro Cultural Banco do Brasil, da Embaixada da Espanha e do Instituto Cervantes. Os filmes pertencem ao acervo da Agência Espanhola de Cooperação Internacional.

Drogas
Segundo o curador da mostra, Jorge Roldan, as drogas, apesar de darem nome à seleção, são apenas uma das tantas interseções entre os filmes que serão exibidos ao longo do evento.
"Eles tratam de intolerância, racismo, problemas sociais, questões que tocam no caldeirão social que é a Espanha. Seria reducionista dizer que são filmes sobre drogas", diz Roldan.
São todos ecos da "movida madrilenha", movimento que traduziu a efervescência das artes e da noite da capital espanhola logo após os anos de chumbo de Francisco Franco (1930-1975).
Em 1978, a entrada em vigor de uma constituição democrática transformou a cultura da Espanha num vasto museu criativo, do qual o cinema foi uma das manifestações mais beneficiadas.
Temas-tabus durante a ditadura começaram então a pulular nas telas espanholas.
O longa "Que Fiz para Merecer Isto?", primeiro sucesso do diretor Pedro Almodóvar na Espanha, conta a história de uma família em que a mãe é viciada em antidepressivos, o pai é machista e os filhos são um homossexual e outro drogado.
O filme "Táxi", de Carlos Saura, sobre um grupo de taxistas que resolve "limpar das ruas de Madri o lixo indesejável", aborda as tendências neofascistas na sociedade espanhola.
"Dias Contados", do diretor salvadorenho de origem basca Imanol Uribe, uma história de amor entre dois personagens que vivem no limite, trata de outro tema delicado, o terrorismo do grupo separatista basco ETA (Euskadi ta Askatasuna ou Pátria Basca e Liberdade).
Já o filme "Morrer ou Não", do catalão Ventura Pons, mostra as vidas cruzadas de sete personagens que vêem de perto a cara da morte.
Por fim, o único não-espanhol da mostra, o argentino Adolfo Arastarain -presente por seu filme ser uma produção conjunta com a Espanha- conta a história de um diretor de cinema argentino radicado em Madri e sua relação com o filho.


MOSTRA DE CINEMA ESPANHOL - VISÕES SOBRE DROGAS. Quando: de hoje a domingo. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo; tel. 0/xx/11/ 3113-3651). Quanto: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (estudantes e idosos). Na internet: www.cultura-e.com.br.


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