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CINEMA
Mostra com longas-metragens inéditos no Brasil usa tema das drogas para apresentar sociedade espanhola atual
Mosaico de filmes constrói Espanha contemporânea
DA REPORTAGEM LOCAL
Um Almodóvar inédito no Brasil, um Saura sobre neofascismo,
cinco filmes que têm como ponto
em comum a convivência com
entorpecentes.
A mostra "Cinema Espanhol
-Visões sobre Drogas", que começa hoje pelo CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), conduz o espectador paulistano a um retrato
contundente da sociedade contemporânea daquele país, pelas
câmaras de alguns de seus maiores realizadores.
Serão 14 sessões até o próximo
domingo, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil, no centro
de São Paulo. Quatro dos cinco
longas nunca foram exibidos em
circuito comercial no Brasil: "Que
Fiz para Merecer Isto?" (1984), de
Pedro Almodóvar, "Dias Contados" (1994), de Imanol Uribe,
"Martin (Hache)" (1997), de
Adolfo Arastarain, e "Morrer ou
Não" (1999), de Ventura Pons. A
única exceção é "Táxi" (1996), de
Carlos Saura, exibido no país por
poucos dias em 1998.
O evento é uma co-realização
do Centro Cultural Banco do Brasil, da Embaixada da Espanha e
do Instituto Cervantes. Os filmes
pertencem ao acervo da Agência
Espanhola de Cooperação Internacional.
Drogas
Segundo o curador da mostra,
Jorge Roldan, as drogas, apesar de
darem nome à seleção, são apenas
uma das tantas interseções entre
os filmes que serão exibidos ao
longo do evento.
"Eles tratam de intolerância, racismo, problemas sociais, questões que tocam no caldeirão social
que é a Espanha. Seria reducionista dizer que são filmes sobre drogas", diz Roldan.
São todos ecos da "movida madrilenha", movimento que traduziu a efervescência das artes e da
noite da capital espanhola logo
após os anos de chumbo de Francisco Franco (1930-1975).
Em 1978, a entrada em vigor de
uma constituição democrática
transformou a cultura da Espanha num vasto museu criativo, do
qual o cinema foi uma das manifestações mais beneficiadas.
Temas-tabus durante a ditadura começaram então a pulular nas
telas espanholas.
O longa "Que Fiz para Merecer
Isto?", primeiro sucesso do diretor Pedro Almodóvar na Espanha, conta a história de uma família em que a mãe é viciada em antidepressivos, o pai é machista e
os filhos são um homossexual e
outro drogado.
O filme "Táxi", de Carlos Saura,
sobre um grupo de taxistas que
resolve "limpar das ruas de Madri
o lixo indesejável", aborda as tendências neofascistas na sociedade
espanhola.
"Dias Contados", do diretor salvadorenho de origem basca Imanol Uribe, uma história de amor
entre dois personagens que vivem
no limite, trata de outro tema delicado, o terrorismo do grupo separatista basco ETA (Euskadi ta Askatasuna ou Pátria Basca e Liberdade).
Já o filme "Morrer ou Não", do
catalão Ventura Pons, mostra as
vidas cruzadas de sete personagens que vêem de perto a cara da
morte.
Por fim, o único não-espanhol
da mostra, o argentino Adolfo
Arastarain -presente por seu filme ser uma produção conjunta
com a Espanha- conta a história
de um diretor de cinema argentino radicado em Madri e sua relação com o filho.
MOSTRA DE CINEMA ESPANHOL -
VISÕES SOBRE DROGAS. Quando: de
hoje a domingo. Onde: Centro Cultural
Banco do Brasil (rua Álvares Penteado,
112, Centro, São Paulo; tel. 0/xx/11/
3113-3651). Quanto: R$ 4 (inteira) e R$ 2
(estudantes e idosos). Na internet:
www.cultura-e.com.br.
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