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comida
Confraria dos chefs
Folha acompanha bastidores de jantar peruano realizado a 18 mãos, por nove chefs estrelados de São Paulo, que antes foram juntos ao país conhecer ingredientes
LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO
Havia um clima de euforia
na cozinha do restaurante La
Mar, em São Paulo, na noite
desta segunda-feira.
"Quebra, cuidado!", grita
um comim, no estreito corredor de acesso à mais espaçosa ala dos fornos e fogões.
"Queima, cuidado!", vocifera outro, dando caldo à tensão habitual de uma cozinha
em movimento. É preciso
chamar a atenção dos desatentos para itens quentes
(travessas e afins) e delicados (taças equilibradas em
uma bandeja, por exemplo).
Naquela noite, oito chefs
estrelados passaram por ali,
recebidos pelo anfitrião, Fabio Barbosa. E a equipe de
praxe não parecia a mesma:
assistentes, cozinheiros e
garçons estavam com máquinas fotográficas e celulares
em punho, frenéticos. Não
economizaram nos flashes
-nem no salão, tampouco
nos bastidores.
Todos pareciam comemorar aquela espécie de confraria que havia se formado na
viagem que Rodrigo Oliveira,
Tsuyoshi Murakami, Raphael Durand Despirite,
Henrique Fogaça, Renata
Braune, Bel Coelho, Flavio
Federico, Thomas Troisgros e
o cicerone Fabio Barbosa fizeram ao Peru, neste semestre. Passaram cinco dias juntos e voltaram com as malas
abarrotadas de ingredientes
para concretizar a experiência nesse jantar a 18 mãos.
BRASIL
A convite da PromPeru, órgão do governo que promove
a gastronomia peruana, eles
foram acompanhar a maior
feira do país. Realizada ao ar
livre em um parque em Lima,
a Mistura reuniu cerca de 200
mil pessoas e, em 2011, deve
homenagear a cozinha brasileira e seus chefs.
Com curadoria de Gastón
Acurio, o chef mais importante do país, mostra a comida local por meio de pequenos produtores, barracas de
comida de rua, restaurantes
de todo o Peru e palestras.
Para os nove chefs brasileiros citados aqui, foi unânime a postura de realçar a (intensa) relação do povo com a
culinária local, num evento
com entrada acessível.
BASTIDORES
Uma enxurrada de e-mails
trocados pelo grupo antecedeu o jantar beneficente, batizado Experiência Peruana.
Nos registros que a Folha
teve acesso, aparecem
"abraxxxx" nas saudações
virtuais de Fogaça. No alô de
Oliveira, "oi, cabra-macho".
Renata Braune brinca:
"kkkkkk vocês são uma piada!!! Tem um amigo do ramo
que diz que restaurante se colocar uma lona é um circo, e
se colocar grade é um hospício!!!". Murakami faz parecido, com o bom humor que
lhe é habitual: "Parafraseando o Flavio, não adianta ter
habilidade com o peru, mas,
sim, sensibilidade".
Sete são ativos também no
twitter, onde reforçaram a divulgação do encontro.
Era hora de brindar. Foram uma, duas, três doses de
pisco sour, bebida alcoólica
típica do Peru. Entre um prato e outro.
A logística foi combinada
em cima da hora -quem assume a cozinha (e quando)
quem fica na ala fria, atrás do
balcão (e quando), quem ajuda quem.
Tudo devidamente alinhado e um clima de camaradagem no ar. Bel Coelho, Raphael Despirite e Thomas
Troisgros, por exemplo, soltaram seus pratos frios e correram para a boqueta para
ajudar na finalização das receitas dos comparsas.
Enquanto isso, no calor da
cozinha, Rodrigo Oliveira,
Renata Braune, Henrique Fogaça e Fabio Barbosa trocam
gentilezas -e abraços, vez
ou outra.
O confeiteiro Flavio Federico (único da categoria) foi
de lá pra cá e provou algumas criações dos colegas no
cantinho do salão, em pé.
Cada um provou uma garfada do prato do outro, aliás.
E já falam dos planos futuros,
das próximas viagens (como
Nova York, em setembro) e
de projetos para não deixar
morrer a relação que engrenou -e fluiu- entre eles.
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