São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Aos 20, Satyros amargam "perrengue" financeiro

DE SÃO PAULO

Em 3 de dezembro de 2000, depois de uma peregrinação que teve paradas em Lisboa, Curitiba, Berlim e num endereço da Major Diogo paulistana, Os Satyros sentaram acampamento na praça Roosevelt, então um ponto de prostituição e tráfico de drogas.
Havia dois teatros funcionando, mas o medo da violência afastava as plateias. O espaço escolhido para abrigar a sede da companhia tinha sido, tempos atrás, a extensão de uma churrascaria e a marcenaria de um flat.
O público foi voltando aos poucos e estimulando outros grupos a se instalar ali. Em 2006, vieram os Parlapatões. No ano passado, a Cia. da Revista abriu seu Miniteatro.
"Desculpa ser arrogante, mas o que existe hoje em São Paulo em termos de produção teatral em SP não estaria aí sem Os Satyros", diz Ivam Cabral, ator e dramaturgo da companhia, referindo-se à abertura do espaço, a preços às vezes simbólicos, para companhias jovens, com poucos recursos e muita sede de experimentação.
"Não havia naquela época peças às segundas-feiras, muitos grupos não tinham sede. Há um modelo estético de produção trabalhado a partir da experiência da praça, com ingressos a preços baixos, com desconto para moradores da praça, e atores trabalhando em esquema de cooperativa", acrescenta ele.
Segundo Ivam, esse pioneirismo alimenta amores e ódios no circuito teatral. Daí as críticas à participação d'Os Satyros na criação da SP Escola de Teatro, projeto do governo do Estado. Houve quem atribuísse a decolagem da instituição à relação próxima entre José Serra e a dupla que fundou a cia: Ivam e Rodolfo García Vázquez.
"Sou diretor executivo da escola por acaso. Precisavam de alguém que entendesse de burocracia. A história da escola é uma conquista da classe artística", diz Ivam. "A gente [Os Satyros] está desolado porque só se f****. A nossa relação com o dinheiro é aterradora. Não temos fomento [verba distribuída pela prefeitura] há quatro anos. Nossas instalações estão precárias e nosso processo de pesquisa, atrasado." (LN)


Texto Anterior: Opinião/Praça Roosevelt: Política pública e jovens artistas criaram espaço de diversidade
Próximo Texto: Comida: Confraria dos chefs
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.