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Para Sarah Jessica Parker, vida sem "Sex and the City" foi "aterrorizante"
ELAINE LIPWORTH
DO "INDEPENDENT"
Sarah Jessica Parker está tentando me persuadir de que sua vida
não é tão fabulosa quanto parece.
Mas não me sinto convencida. A
elegante atriz que vejo sentada
diante de mim discutindo as dificuldades de sua vida como mãe
que trabalha fora foi a estrela de
um dos mais populares programas na história recente da televisão, "Sex and the City". As estimativas indicam que tenha faturado
US$ 38 milhões como modelo da
cadeia de lojas Gap; ela lançou um
perfume com sua marca; e tem diversos projetos novos em preparação. Parker é casada com o ator
Matthew Broderick, e os dois têm
um filho pequeno. Com certeza,
Sarah Jessica Parker tem tudo.
Ela parece uma pessoa confiante. Assim, é difícil levar a sério sua
confidência de que a perspectiva
de retomar sua carreira no cinema depois de Carrie Bradshaw
custou-lhe muitas noites de sono.
"Foi realmente um período aterrorizante", conta Parker, 40, que
interpreta uma empresária reprimida e insegura em seu novo trabalho, "Tudo em Família" -que
estréia no dia 13-, uma cálida comédia em que contracena com
Diane Keaton e Claire Danes.
"Não encontro palavras para
descrever quão difícil foi começar. Eu estava certa de que seria
despedida. Estava contracenando
com Diane Keaton e tinha medo
de ir para o estúdio."
"Tudo em Família" gira em torno de uma família problemática
que planeja passar as festas unida.
Dermot Mulroney decide levar a
noiva para conhecer seus pais,
mas o personagem de Parker, Meredith, não é de modo algum a
mulher que Keaton imaginava
para seu idolatrado filho.
"Achei que Meredith seria radicalmente diferente de Carrie", diz
Parker, para explicar por que
aceitou o papel. "Ela é uma pessoa
tão rígida, tão inflexível, tão desprovida de tato. Embora seja uma
empresária de enorme sucesso,
como pessoa é um desastre."
Dada sua reputação como ícone
da moda, não surpreende que
Parker tenha sido a principal responsável pela aparência do personagem. Ela optou por tailleurs severos, bastante distintos do guarda-roupa que caracterizava o papel com que tanto se identificou.
"Meredith desce para o café-da-manhã "vestida", enquanto os demais circulam de pijama. Eu queria muito fazer esse filme porque
era algo completamente novo, assustador, um desafio."
Parker está longe de ser uma
novata no cinema. Assim, é curioso que ache ser preciso provar
uma vez mais todo o seu talento.
Em "LA Story", ela roubou as cenas. E teve papéis importantes em
"Casos e Casamentos", "O Clube
das Desquitadas", "Ed Wood"...
O desafio atual é se afastar do
papel da colunista de sexo que a
definiu por tanto tempo. "Não estou fugindo de Carrie, mas era hora de voltar a papéis mais variados. Mas sinto falta dela", diz.
"A cada vez que começo um filme, é difícil. Estou completamente em pânico quanto ao próximo,
"Spinning into Butter" [dissolvendo em manteiga]. Minha primeira
cena foi com Miranda Richardson", conta, "o que foi horripilante, porque eu a adoro e queria interpretar tão bem quanto ela".
É pouco comum ouvir uma estrela falar com tanta franqueza.
"As expectativas que você e os outros têm são imensas. Eu tenho
vontade de agradar", confessa.
Ela acaba de filmar "Failure to
Launch" [falha de lançamento],
comédia com Matthew McConaughey e Kathy Bates, e fará dois
filmes no ano que vem, "Whistle"
[assobio], de David Mamet, e
"Slammer", de Adam Shankman.
"Às vezes me preocupo com a
possibilidade de trabalhar demais, me expor demais, mas, você
sabe, como uma amiga gosta de
dizer, há tempo para dormir
quando a gente morrer."
Tradução Paulo Migliacci
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