São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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crítica

Sem novidade no argumento, diretor cria genérico de "O Senhor do Anéis"

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando a campanha de divulgação de um filme destaca como uma de suas principais atrações a qualidade dos efeitos digitais usados para criar um dragão, talvez não seja preciso lembrar que seu jovem público-alvo são os fãs de fantasia responsáveis, com a popularização da cultura dos RPGs, por dar novo fôlego aos mercados editorial, cinematográfico e de videogames.
"Eragon" só existe no cinema porque antes houve o êxito de "O Senhor dos Anéis". Mas só houve a trilogia dirigida por Peter Jackson porque antes havia, com meio século de popularidade global, os romances de J.R.R. Tolkien. E o que há por trás de "Eragon"? A obra de um menino-prodígio, o norte-americano Christopher Paolini, hoje com 23 anos. O livro que deu origem a "Eragon", primeiro de uma trilogia, foi publicado inicialmente em edição do autor e, em 2003, transformado em best-seller. Em 2005, veio a segunda parte, "Eldest", outro sucesso de vendas. Daí a acreditar que pudesse se tornar franquia de sucesso também no cinema, um pulo.

Dragão
O universo de aventura criado por Paolini, menos ambicioso e multifacetado do que a Terra-média de Tolkien, se ambienta no reino atemporal de Alagaësia, cuja história é resumida no prólogo do filme. A paz por ali termina quando um de seus cavaleiros de dragões, Galbatorix (John Malkovich), elimina os pares -tanto os cavaleiros quanto os dragões- e passa a governar de modo tirânico. Resta um ovo de dragão, o bem mais precioso do reino, que vai parar nas mãos do jovem Eragon (o estreante Edward Speleers). Dele sai o dragão voador Saphira, que não fala, mas se comunica por telepatia (voz de Rachel Weisz nas cópias legendadas) apenas com Eragon.
Restaurada a dinastia dos cavaleiros, sob o amparo de um remanescente (Jeremy Irons) e o auxílio do líder de um grupo de rebeldes (Djimon Hounsou), o tempo vai fechar para Galbatorix e seu macabro assistente (Robert Carlyle). Troque o desejado Um Anel pela companhia interativa de Saphira, e a jornada de Eragon se aproxima da saga libertária de Frodo Bolseiro em "O Senhor dos Anéis".
Sem novidade significativa a oferecer no argumento, o diretor estreante Stefen Fangmeier -supervisor de efeitos visuais de filmes como "Twister" (1996), "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), "Sinais" (2002) e "O Apanhador de Sonhos" (2003)- cuida do espírito de parque de diversões de "Eragon", mas não foge da evidência de que fez apenas o genérico de um brinquedo mais notável e bem-sucedido.


ERAGON
  
Direção: Stefen Fangmeier
Produção: EUA/Reino Unido, 2006
Com: Edward Speleers, Robert Carlyle
Quando: em cartaz nos cines Anália Franco, Bristol e circuito



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