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Morre João de Barro, o Braguinha, aos 99
ILUSTRADA O compositor carioca de "Carinhoso" e "Copacabana" foi vítima de choque séptico (infecção generalizada), ontem
O corpo do artista, que completaria cem anos em março, deverá ser enterrado hoje, às 16h, no cemitério São João Batista, no Rio
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
A longevidade do compositor
Braguinha, morto ontem no
Rio aos 99 anos, não foi apenas
física: autor de sucessos maiores da música brasileira -como
"Carinhoso" (com Pixinguinha) e "Pastorinhas" (com Noel
Rosa)-, o artista carioca se lançou na década de 1920, consagrou-se na de 1930 e alcançou o
século 21 com crianças aprendendo suas canções das histórias de "Chapeuzinho Vermelho" e de "Os Três Porquinhos".
Conhecido como João de
Barro em boa parte da carreira,
Carlos Alberto Ferreira Braga
morreu às 12h05 de ontem, no
Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Pró-Cardíaco.
Estava ao lado da filha e de
netos. Completaria cem anos
no dia 29 de março. "Vovô se foi
de forma serena", disse o neto
Carlos Alberto Braga Goes. O
velório estava previsto para a
Câmara Municipal. De lá o féretro sairia às 16h de hoje para
o cemitério São João Batista.
A nota do médico João Luiz
Ferreira Costa disse que Braguinha morreu devido a choque
séptico (infecção generalizada)
de origem urinária. Ele chegou
ao hospital anteontem, com sinais elevados de glicose.
O último susto na saúde
ocorrera havia um ano, quando
um tombo provocou um ferimento na testa. Vítima da
doença de Alzheimer, o compositor se afastara da vida social.
Ele, sim, mas não suas criações. Gigante da música popular, Braguinha assinou uma
obra marcada tanto pelo sucesso instantâneo como pela capacidade de se perpetuar.
Mudou o nome para João de
Barro porque o pai não queria o
sobrenome da família associado ao mal falado meio boêmio.
Suas músicas marcaram o
país. Na Copa de 50, o Maracanã celebrou os 6 a 1 do Brasil sobre a Espanha entoando a marchinha "Touradas em Madrid".
"Copacabana", na voz de Dick
Farney, virou hino do bairro.
Foi cantado por intérpretes
como Orlando Silva, Carmen
Miranda, Sílvio Caldas, Jorge
Goulart, Lúcio Alves, Maysa,
Elizeth Cardoso e Elis Regina.
Se as parcerias com Noel e
Pixinguinha nunca sumiram,
"Balancê" é exemplo dos "renascimentos": estourou com
Carmen Miranda no final da
década de 1930 e ressurgiu com
Gal Costa na de 1970.
Em 1984, a Mangueira venceu o Carnaval com o desfile
"Yes, Nós Temos Braguinha".
Em 2007, a escola infantil
Mangueira do Amanhã o repetirá, o que já estava previsto.
Roteirista de filmes, o compositor começou nos anos 1940
a adaptar fábulas e histórias infantis, compondo as trilhas.
Até hoje há quem pense que
os temas do Lobo Mau, da Chapeuzinho, dos Três Porquinhos, dos Sete Anões e de tantos personagens têm origem no
folclore, com origem desconhecida". São, na verdade, obra
inesquecível de Braguinha.
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