São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

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Morre João de Barro, o Braguinha, aos 99

ILUSTRADA O compositor carioca de "Carinhoso" e "Copacabana" foi vítima de choque séptico (infecção generalizada), ontem

O corpo do artista, que completaria cem anos em março, deverá ser enterrado hoje, às 16h, no cemitério São João Batista, no Rio

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A longevidade do compositor Braguinha, morto ontem no Rio aos 99 anos, não foi apenas física: autor de sucessos maiores da música brasileira -como "Carinhoso" (com Pixinguinha) e "Pastorinhas" (com Noel Rosa)-, o artista carioca se lançou na década de 1920, consagrou-se na de 1930 e alcançou o século 21 com crianças aprendendo suas canções das histórias de "Chapeuzinho Vermelho" e de "Os Três Porquinhos".
Conhecido como João de Barro em boa parte da carreira, Carlos Alberto Ferreira Braga morreu às 12h05 de ontem, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Pró-Cardíaco.
Estava ao lado da filha e de netos. Completaria cem anos no dia 29 de março. "Vovô se foi de forma serena", disse o neto Carlos Alberto Braga Goes. O velório estava previsto para a Câmara Municipal. De lá o féretro sairia às 16h de hoje para o cemitério São João Batista.
A nota do médico João Luiz Ferreira Costa disse que Braguinha morreu devido a choque séptico (infecção generalizada) de origem urinária. Ele chegou ao hospital anteontem, com sinais elevados de glicose.
O último susto na saúde ocorrera havia um ano, quando um tombo provocou um ferimento na testa. Vítima da doença de Alzheimer, o compositor se afastara da vida social.
Ele, sim, mas não suas criações. Gigante da música popular, Braguinha assinou uma obra marcada tanto pelo sucesso instantâneo como pela capacidade de se perpetuar.
Mudou o nome para João de Barro porque o pai não queria o sobrenome da família associado ao mal falado meio boêmio.
Suas músicas marcaram o país. Na Copa de 50, o Maracanã celebrou os 6 a 1 do Brasil sobre a Espanha entoando a marchinha "Touradas em Madrid". "Copacabana", na voz de Dick Farney, virou hino do bairro.
Foi cantado por intérpretes como Orlando Silva, Carmen Miranda, Sílvio Caldas, Jorge Goulart, Lúcio Alves, Maysa, Elizeth Cardoso e Elis Regina.
Se as parcerias com Noel e Pixinguinha nunca sumiram, "Balancê" é exemplo dos "renascimentos": estourou com Carmen Miranda no final da década de 1930 e ressurgiu com Gal Costa na de 1970.
Em 1984, a Mangueira venceu o Carnaval com o desfile "Yes, Nós Temos Braguinha". Em 2007, a escola infantil Mangueira do Amanhã o repetirá, o que já estava previsto.
Roteirista de filmes, o compositor começou nos anos 1940 a adaptar fábulas e histórias infantis, compondo as trilhas.
Até hoje há quem pense que os temas do Lobo Mau, da Chapeuzinho, dos Três Porquinhos, dos Sete Anões e de tantos personagens têm origem no folclore, com origem desconhecida". São, na verdade, obra inesquecível de Braguinha.


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