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18ª SP FASHION WEEK
UNIVERSO LÚDICO DE SOMMER EMOCIONA NO ÚLTIMO DIA
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
No último dia da São Paulo Fashion Week, brilhou a estrela de
Marcelo Sommer. Ele se inspirou
na Islândia para sua melhor coleção em muito tempo. Para falar de
moda jovem, criou um cenário lúdico, em que os modelos ficam a
jogar dardos, atirar cartas ao alto,
dormir, bordar, olhar para o nada. Sommer sabe desse universo:
tédio e tempo são valores que conhecemos bem.
A atmosfera é de tranqüilidade e
calma, com muitos brancos, beges e marrons. Lu Curtis é a primeira a surgir, lembrando um
personagem mitológico. O cenário é uma caixa de madeira clara,
com duas portas e uma mesa. Ela
abre uma delas e, de lá, saem os
modelos, um a um.
Corajosamente, Sommer se livra dos fantasmas que empacavam seu crescimento, como o circo, o clubbing, o hedonismo. Preserva o streetwear inteligente, como a megaceroula listrada usada
com colete (peça tendência) e blazer, e a ironia, como nos deliciosos looks de vinil oncinha.
O feminino vem renovado, com
silhuetas e proporções autorais,
mas corretas, como na saia de três
camadas em bolotas, de Vannesa
Retke, e a saia folk com plissado
branco e bolinhas. São bons também os looks em matelassê. Sommer trabalhou.
A estreante Gisele Nasser também. Olhou para a história de seu
nome, a do balé branco homônimo, para trazer uma feminilidade
esvoaçante e etérea. O resultado
final, entretanto, fica distante da
juventude atemporal da princesa:
a imagem vem envelhecida
-problema que nem as saias reveladoras resolvem.
O veludo pesa, a musselina e o
cetim ganham contornos duvidosos, a cartela de cores é difícil, com
lilases, verdes e turquesas ingratos. A Gisele Nasser que a gente
conhece se mostra no trabalho vazado sobre o longo lilás. A estilista
deve voltar para seu melhor.
Renato Loureiro trabalha com
tricô e crochê, mas é na malharia
que está a melhor parte da apresentação, principalmente nos
looks listrados da abertura, numa
silhueta anos 70/cigana. Na coleção como um todo, faltam "liga" e
unidade.
Mareu Nietschke, de volta à passarela da SPFW após pular a última temporada, aciona seu lado
mais sombrio, num experimentalismo bizarro que soa deslocado,
principalmente nesse momento
de busca pela beleza na moda.
Colaborou Jackson Araujo, editor-assistente da revista Moda
Sommer:
Gisele Nasser:
Renato Loureiro:
Mareu Nietschke:
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