São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Francês relê obras em biografia dançada

Concebido por Jérôme Bel, "Cédric Andrieux" reúne excertos de peças de Merce Cunningham e Trisha Brown

Peça refaz trajetória do bailarino francês ao mesmo tempo em que retrata o dia a dia de um profissional da dança

AMANDA QUEIRÓS
DE SÃO PAULO

Cédric Andrieux, 33, era um bailarino como qualquer outro contratado por uma grande companhia. Enfrentava seis horas diárias de aulas e ensaios, além de apresentações à noite e aos fins de semana, e vivia pronto para viagens e turnês.
Nessa rotina, convivia com coreógrafos renomados, como Trisha Brown e Merce Cunningham (1919-2009), e encenava peças deles. É esse cotidiano entre suor, estrelas e sapatilhas que o francês mostra no solo que leva seu nome e será apresentado hoje e amanhã, às 21h, no Sesc Belenzinho.
Solo, na verdade, é maneira de dizer. "Cédric Andrieux"-o espetáculo- se encontra em um lugar de difícil definição. Com concepção do badalado coreógrafo francês Jérôme Bel, a peça se aproxima mais de um documentário biográfico.
Nele, Andrieux apresenta excertos de trabalhos que marcaram sua trajetória como bailarino intercalados por falas nas quais ele desnuda seu ofício para o público.
Essa foi a forma encontrada por Bel para tomar emprestado o know-how de Andrieux e refletir sobre ícones da dança que foram fundamentais para a sua formação como coreógrafo. Ao mesmo tempo, Andrieux revê a sua postura como bailarino, instrumento de trabalho de coreógrafos.
"Há algo muito confortável em ser parte de uma companhia. Você faz o que as pessoas dizem para você fazer. Acho que trabalhar com Jérôme me fez parar e pensar: onde isso vai dar? O que eu realmente quero fazer agora?", disse ele à Folha.
Os dois se conheceram em 2007, quando Bel montou uma de suas peças para o Balé da Ópera de Lyon, onde Andrieux atuava. Os oito anos que ele havia passado na companhia de Cunningham chamaram a atenção do coreógrafo.
O processo de criação levou quase um ano e consistiu, basicamente, de muita escrita. "A maior preocupação era identificar o que falar e como falar", afirmou.

IDENTIFICAÇÃO
Para o bailarino, o trunfo do trabalho está na identificação do público com a sua própria rotina. "Essa é a vida de um trabalhador comum.
Todos nós temos dias em que não queremos nos levantar e fazemos coisas que são chatas, seja você um padeiro ou um bailarino", disse.
"Cédric Andrieux" é a quinta peça de uma série de biografias iniciada por Bel em 2004 com "Veronique Doisneau", bailarina do Balé da Ópera de Paris, e que conta também com uma versão brasileira, "Isabel Torres", bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

CÉDRIC ANDRIEUX

QUANDO hoje e amanhã, às 21h
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, tel. 0/xx/11/2076-9700)
QUANTO R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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