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OUTRA FREQUÊNCIA
A crise das gravadoras e o racionamento do jabá
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise das gravadoras já se
reflete nas rádios. As verbas
de jabá (execução de música mediante pagamento), fatia importante do faturamento da maior parte das AMs e FMs, estão ficando escassas.
Em tom eufemístico, as estações
reclamam estar havendo diminuição da receita de divulgação
das músicas. Em português claro,
as gravadoras estão pagando menos para pôr seus artistas no ar.
Ninguém fala abertamente sobre o assunto. Mas, segundo esta
coluna apurou, em FMs das mais
conhecidas de São Paulo, o jabá
chegava a ser responsável por
20% do lucro. Hoje, em alguns casos, caiu para 5%.
Quem comemora a crise dos jabás, ao menos no curto prazo, são
os programadores. Com a redução de contratos, há um número
menor de músicas que devem
obrigatoriamente ser incluídas na
programação, sobrando mais espaço para a livre seleção.
Alguns artistas independentes
também têm esperança de conseguir mais espaço nas emissoras.
Um vocalista de uma banda pop
iniciante, que prefere não se identificar, afirmou que o esquema do
jabá é tão forte que até rádios comunitárias passaram a cobrar para incluir músicas na programação. Estações pequenas chegam a
pedir até R$ 500 pela execução.
No caso das grandes rádios, é
praxe detalhar em acordos quantas vezes por dia determinada
música tem de ir ao ar e em quais
horários. Há rádios que vendem
até as posições do ranking das
"mais pedidas" pelos ouvintes.
Nem sempre o pagamento é feito em dinheiro. Há casos em que
as gravadoras liberam artistas para tocar de graça em shows promovidos pela estação ou fazem
parceria em promoções. Para
uma música de um grupo novo
chegar a ser conhecida, calcula-se
que o investimento seja de, no mínimo, R$ 10 mil no interior. Nas
capitais, mercado mais concorrido, as cifras impressionam.
Como as gravadoras estão cortando gastos, as rádios tentam
elaborar uma maneira de compensar a redução dos jabás. Uma
das saídas seria intensificar a participação de patrocinadores na
programação. Batizar, por exemplo, um programa com a marca
de uma empresa. Ou seja, aumenta a caça pelo anunciante.
A Associação Mundial de Rádios
Comunitárias enviou carta ao
Conselho de Comunicação Social,
órgão ligado ao Congresso. Reclama que a repressão continua na
gestão Lula com a mesma intensidade da gestão FHC. O conselho
está debatendo a situação das comunitárias e pretende redigir um
relatório sobre o assunto.
(LAURA MATTOS)
laura@folhasp.com.br
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