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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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OUTRA FREQUÊNCIA

A crise das gravadoras e o racionamento do jabá

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise das gravadoras já se reflete nas rádios. As verbas de jabá (execução de música mediante pagamento), fatia importante do faturamento da maior parte das AMs e FMs, estão ficando escassas.
Em tom eufemístico, as estações reclamam estar havendo diminuição da receita de divulgação das músicas. Em português claro, as gravadoras estão pagando menos para pôr seus artistas no ar.
Ninguém fala abertamente sobre o assunto. Mas, segundo esta coluna apurou, em FMs das mais conhecidas de São Paulo, o jabá chegava a ser responsável por 20% do lucro. Hoje, em alguns casos, caiu para 5%.
Quem comemora a crise dos jabás, ao menos no curto prazo, são os programadores. Com a redução de contratos, há um número menor de músicas que devem obrigatoriamente ser incluídas na programação, sobrando mais espaço para a livre seleção.
Alguns artistas independentes também têm esperança de conseguir mais espaço nas emissoras.
Um vocalista de uma banda pop iniciante, que prefere não se identificar, afirmou que o esquema do jabá é tão forte que até rádios comunitárias passaram a cobrar para incluir músicas na programação. Estações pequenas chegam a pedir até R$ 500 pela execução.
No caso das grandes rádios, é praxe detalhar em acordos quantas vezes por dia determinada música tem de ir ao ar e em quais horários. Há rádios que vendem até as posições do ranking das "mais pedidas" pelos ouvintes.
Nem sempre o pagamento é feito em dinheiro. Há casos em que as gravadoras liberam artistas para tocar de graça em shows promovidos pela estação ou fazem parceria em promoções. Para uma música de um grupo novo chegar a ser conhecida, calcula-se que o investimento seja de, no mínimo, R$ 10 mil no interior. Nas capitais, mercado mais concorrido, as cifras impressionam.
Como as gravadoras estão cortando gastos, as rádios tentam elaborar uma maneira de compensar a redução dos jabás. Uma das saídas seria intensificar a participação de patrocinadores na programação. Batizar, por exemplo, um programa com a marca de uma empresa. Ou seja, aumenta a caça pelo anunciante.
 
A Associação Mundial de Rádios Comunitárias enviou carta ao Conselho de Comunicação Social, órgão ligado ao Congresso. Reclama que a repressão continua na gestão Lula com a mesma intensidade da gestão FHC. O conselho está debatendo a situação das comunitárias e pretende redigir um relatório sobre o assunto.
(LAURA MATTOS)

laura@folhasp.com.br


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