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Crítica
Filme traz mundo em que não se difere bem do mal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Um homem pacato do interior, pai de família exemplar,
torna-se herói nacional ao matar assaltantes que invadem
sua lanchonete.
Logo saberemos, porém,
que o herói não é coisa tão simples assim.
"Marcas da Violência"
(HBO, 23h) é uma versão contemporânea de "O Médico e o
Monstro".
Como é um filme de David
Cronenberg, nem vale a pena
insistir na enorme força e na
originalidade que tem: ela é da
ordem da evidência.
Pode-se pensar na natureza
violenta da sociedade americana, mas tantos filmes têm insistido nesse aspecto que ele já
se tornou uma obviedade.
A duplicidade do personagem, porém, nos introduz a
um mundo complexo, em que
não é fácil distinguir os bandidos dos vilões, onde é fácil
propugnar o mata-esfola (vulgo linchamento), como no Brasil atual.
Dá a sensação de resolver o
problema. Saber quem é quem
é outra -e mais angustiante-
história.
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