São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

PARIS

Yoan Valat/ EFE
Turista fotografa cartaz do leilão em Paris

No leilão de Yves Saint Laurent

O leilão do século. Assim foi definida a venda da coleção pessoal do estilista francês Yves Saint Laurent e de seu companheiro Pierre Bergé, que terminou ontem no Grand Palais, em Paris. A casa Christie's havia estimado que arrecadaria 300 milhões. O valor foi superado já nos dois primeiros dias, com a cifra de 307 milhões.

 

No primeiro dia, foi leiloada a coleção de pintura impressionista e moderna. O quadro "Les Coucous, Tapis Bleu et Rose", de 1911, de Henri Matisse, foi vendido pelo valor recorde de 35,9 milhões. Recorde também foi o valor da tela de Mondrian, "Composition avec Bleu, Rouge, Jaune et Noir", de 1922, arrematada por 21 milhões, o triplo do lance inicial.

 

"Há um grande afluxo de lances telefônicos de um pool internacional de compradores. Essa venda histórica mostra o eterno interesse pela arte moderna e impressionista", disse Thomas Seydoux, da seção impressionista e de arte moderna da Christie's. Em meio ao sucesso, uma decepção: a peça mais cara à venda, "Instrumentos de Música Sobre uma Mesa" de Picasso, avaliada em 25 milhões, teve apenas um lance de 21 milhões. Bergé gracejou. Disse que adorava o quadro e que não estava chateado de voltar com a tela para casa.

 

Parisienses e turistas enfrentaram filas de até cinco horas sob um frio de 5º para ver de perto os objetos. Os milionários e grandes compradores entravam por uma porta separada mediante a apresentação de um crachá especial.

 

Na abertura do leilão, 1.300 pessoas, de rapazes de All Star a senhoras com casacos de pele e bolsas Louis Vuitton, Fendi e Gucci, lotavam a sala sob a cúpula de vidro do Grand Palais. Os grandes compradores preferiram o anonimato; um dos responsáveis pelos lances telefônicos deixou escapar que havia pelo menos um sul-americano interessados nas peças de decoração. A palavra crise não esteve presente. Lotes eram vendidos, em média, em menos de cinco minutos.

 

O Estado francês teve lugar de destaque. O Centro George Pompidou adquiriu por 9,8 milhões um quadro de Giorgio de Chirico, "Il Ritornante", e o museu D'Orsay comprou uma obra de Edouard Vuillard ("Les Lilas") por 320 mil e outra, de Ensor ("Au Conservatoire"), por 480 mil. Uma tapeçaria de Burne-Jones e uma pintura de Goya foram doadas por Bergé ao D'Orsay e ao Louvre.

 

No segundo dia, estavam à venda pequenas peças de decoração, móveis e desenhos antigos e do século 19 que revelavam o caráter mais pessoal da coleção de Saint Laurent e Bergé. Os compradores, imaginando preços mais baixos, estavam ávidos. A escultura de um papagaio de ouro, estimada em 6.000, foi vendida por 35 mil. O recorde foi a poltrona de couro decorada com dois dragões do artista de origem irlandesa Eileen Gray (1878-1976), arrematado por 21,9 milhões, muito acima dos 2 milhões estimados. O objeto era um dos preferidos do costureiro.

 

Após a morte de Saint Laurent, em 2008, Bergé decidiu realizar o último desejo do estilista de tornar pública a coleção acumulada ao longo dos anos de vida em comum. Quis criar um museu, mas "faltou dinheiro" para o projeto, admitiu. A opção encontrada foi o leilão.

 

O dinheiro das vendas será destinado à Fundação Bergé-Saint Laurent, onde estão obras do costureiro e que também é engajada em pesquisas para o tratamento da Aids. (Cíntia Cardoso, de Paris)

DE BAR EM BAR
As cervejarias, que já patrocinam escolas e camarotes, podem virar samba-enredo no Carnaval de 2010. A Brahma negocia com a Grande Rio para que seu espaço VIP seja um dos temas do próximo desfile da agremiação, que vai homenagear a Marquês de Sapucaí.

SAFARI
O tema do camarote da Brahma em 2010, quando o espaço completa 20 anos, será a Copa do Mundo da África do Sul.

NO PAPEL
Mas nem tudo é carnaval na rotina da cervejaria. No próximo dia 5, a empresa anuncia os resultados de 2008. O crescimento registrado até o terceiro trimestre era de 5% no volume de vendas de bebidas no Brasil. O ano passado foi considerado "hiperfrio", de acordo com um dos executivos da empresa, o que diminui as expectativas em relação ao consumo de cerveja.

OUTONO
Em reunião recente com Lula, em Brasília, a cervejaria disse que não faria demissões no Brasil além das sazonais.

É MESMO?
O governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) instigou o presidente Lula, no Carnaval, a concorrer a um terceiro mandato -mas em 2014. "Não sei se aguento. Tem a idade, tô cansado", desconversou Lula. Foi lembrado de que terá 69 anos na ocasião -José Serra, que pretende disputar a presidência, terá 68 em 2010.

PONTE AÉREA
Luana Piovani vai levar a peça "Pássaro da Noite" para São Paulo em setembro. Antes disso, o espetáculo fará uma turnê por 25 cidades do país.

VARAL VERMELHO
A Fundação Gol de Letra, dos ex-jogadores Raí e Leonardo, vai fazer em abril um leilão de camisas autografadas dos jogadores brasileiros do Manchester United, time do português Cristiano Ronaldo. A entidade ensaia aproximação com o clube inglês.

BILÍNGUE
Um folheto de uma agência do Rio de Janeiro ensinava turistas estrangeiros a pronunciar em "carioquês" programas carnavalescos.

 

As bandas viraram "bun-dush" e os blocos, "blo-cush".

ALFINETE
O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto diz lamentar que o cineasta Daniel Filho, de cima do sucesso de "Se Eu Fosse Você 2", tenha "metralhado" o cinema nacional, em entrevista recente à coluna. "Metralhou o Bruno [Barreto, filho de Luiz Carlos], a Ancine, todo mundo. O sucesso é pior que droga. Ele que se cuide."

COSTURA
Daniel Filho se defende. "A gente mora numa democracia, cada um fala o que quer. E depois de uma certa idade, não guardo mais as coisas", diz o diretor, que tem 71 anos.


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