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14º FESTIVAL DE CURITIBA
Cena universitária ganha espaço
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Formado por espetáculos que
nascem nos cursos de artes cênicas (direção e ator), o segmento
do teatro universitário conquista
de vez território neste 14º Festival
de Teatro de Curitiba.
Em oito anos de Fringe, a mostra paralela, pela primeira vez a
programação reúne endereços fixos para essa ala jovem propícia
ao experimento e risco que muitas vezes faltam à cena contemporânea -como se viu em 2002 na
peça "Hysteria", do Grupo XIX de
Teatro, que emergiu da USP.
Unicamp e USP estão representadas no Fringe por 20 produções
dos respectivos departamentos de
artes cênicas. Durante dez dias,
até amanhã, cada uma delas ocupa uma "casa provisória": a Casa
Hoffmann (USP), instituição que
normalmente fornece residência
para pesquisas em dança e artes
plásticas, e o Espaço Cultural Falec (Unicamp), braço artístico de
uma faculdade voltada para estudos teológicos.
O Teatro Universitário Candango (Tucan), ligado à Universidade
de Brasília (UnB), teve cinco espetáculos na mostra paralela, um
deles apresentado numa quadra
de um batalhão de infantaria blindada do Exército.
"O Tucan foi criado há 15 anos
para ser um espaço de troca fora
da academia", diz o diretor Hugo
Rodas, 65. "É como se fosse uma
corrente sangüínea. Graças às novas cabeças, a minha permanece
funcionando", diz Rodas, uruguaio radicado no Brasil há 30
anos que já trabalhou com Zé Celso e Antônio Abujamra.
O projeto Casa Provisória, da
USP, apresentou nove espetáculos na Casa Hoffmann. Também
privilegiou a reflexão, com debates, leituras dramáticas e vídeos.
"O festival deveria investir mais
nesse núcleo. O público e os artistas têm acesso a um agrupamento
de linguagens que traça um panorama do pensamento construído
dentro da universidade", diz o diretor e dramaturgo Ruy Filho, 32,
um dos organizadores.
Na prática, diz ele, uma "casa"
possibilita ainda mais profissionalismo às produções, inclusive
com mais tempo para ensaios, um
luxo dentro da apertada grade de
horários no Fringe (o intervalo
médio é de uma hora para desmontar, montar o cenário da peça
seguinte e afinar luz e som).
"Também gostaria de conhecer
o teatro que é feito na CAL [Centro de Artes de Laranjeira, no RJ],
do [teatro escola] Célia Helena, da
Escola Livre de Teatro [de Santo
André]", diz Ruy Filho. Já a cena
curitibana é concentrada pelos
alunos da Faculdade de Artes do
Paraná (FAP).
A gana dos universitários pelo
fazer teatral é notada dentro e fora
do palco. Foi o que moveu o elenco de "Catléia", da Cia. Apnéia
(Unicamp), a cruzar o largo da
Ordem, ponto de encontro do festival, com breves passagens de cena, com direito a figurinos, canto
e violino. Tudo para divulgar a
peça baseada no poema "A Dupla
Chama", de Octávio Paz. E os relógios marcavam 2h07 da madrugada de sábado para domingo.
O jornalista Valmir Santos, o crítico
Sergio Salvia Coelho e a repórter fotográfica Lenise Pinheiro viajam a convite da organização do 14º FTC
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