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LIVROS
BIOGRAFIAS
Títulos sobre Rita de Cássia e Teresa D'Ávila inauguram nova série
Coleção retrata face humana da vida dos santos católicos
LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO
Numa procissão rumo às livrarias, santos são tirados de seus altares e colocados nas prateleiras
como homens e mulheres expostos à realidade dos sentidos. Não
se trata de heresia em pleno Sábado de Aleluia, mas da intenção da
nova série da editora Objetiva,
concretizada com seus dois primeiros títulos, "Rita - A Santa do
Impossível", de Juan Arias, e "Teresa - A Santa Apaixonada", de
Rosa Amanda Strausz.
Assim como o "Os Santos que
Abalaram o Mundo", do jornalista húngaro René Fülöp-Miller
(1891-1963) -que chega a sua 16ª
edição brasileira, pela editora José
Olympio, 60 anos após sua publicação original- , os livros da Objetiva privilegiam os dados históricos da vida dos santos em detrimento dos místicos.
"Queremos mostrar o rosto humano dos santos, sem qualquer
viés teológico ou acadêmico", diz
a diretora editorial Isa Pessôa.
E é essa face existencial que o
jornalista espanhol Juan Arias,
correspondente do "El País" no
Brasil, busca revelar em "Rita - A
Santa do Impossível". Ao mesmo
tempo em que mostra como se
"fabrica um santo", no processo
de canonização. "Quis desconstruir os clichês das biografias que
existem sobre ela. Todas são
iguais, a maioria apenas segue as
atas de beatificação", disse Arias
em entrevista por telefone à Folha, de Barcelona, na Espanha,
onde lançou "Maria, Essa Grande
Desconhecida", que deve chegar
às livrarias brasileiras no Natal.
Entretanto, em momento algum, a Rita de carne e osso apresentada por Arias profana a santificada. "Semeadora de paz e do
perdão" é uma das expressões
que o jornalista usa pra resumir a
personalidade dessa mulher que
viveu entre os séculos 14 e 15 na
região da Úmbria, na Itália, país
onde Arias morou por 30 anos,
dos quais 14 como correspondente do "El País" no Vaticano.
Removendo o "esquema de
santidade", Arias questiona a versão de que o marido de Rita batia
nela, de que ela era de uma família
pobre e que teria desejado a morte
dos filhos ainda jovens para que
não fosse despertado neles o desejo de vingar a morte do pai -assassinado diante dela. "Parece absurdo que uma mulher com suas
virtudes tenha querido algo assim", aponta Arias.
É o mesmo tipo de questão que
ele instiga em "Jesus, Esse Grande
Desconhecido". "No tempo de Jesus era quase impossível que um
judeu não estivesse casado. A
igreja teria que provar isso. Em
nenhum lugar dos Evangelhos se
afirma que não era casado", diz.
Padrinhos
Os autores da coleção escolheram sobre quais santos escrever,
por questão de afinidade. Critério
que deve se manter. "Ignácio de
Loyola Brandão deve escrever sobre o espanhol Ignácio de Loyola
[(1491-1556), fundador da Companhia de Jesus, dos jesuítas]."
Entre os santos que figuram nos
títulos da série previstos para os
próximos meses, há um outro que
será biografado por um xará, Antônio de Pádua. Quem vai contar
a vida do santo casamenteiro é
Fernando Nuno. "Nuno fez questão, pois Fernando era o nome de
batismo de Antônio", diz Pessôa.
A vida de Santa Edwirges também ganha lugar na coleção, pelas
mãos do jornalista Toninho Vaz.
A noite de autógrafos dos livros
sobre Rita e Teresa acontece no
dia 31, às 20h, na Livraria da Travessa (r. Visconde de Pirajá, 572,
RJ, tel. 0/xx/21/3205-9002).
Rita - A Santa do Impossível
Autor: Juan Arias
Tradução: Olga Savary
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 27,90 (168 págs.)
Teresa - A Santa Apaixonada
Autora: Rosa Amanda Strausz
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 29,90 (200 págs)
Os Santos que Abalaram o
Mundo
Autor: René Fülop-Miller
Tradução: Oscar Mendes
Editora: José Olympio
Quanto: R$ 49,50 (430 págs.)
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