São Paulo, sábado, 26 de março de 2005

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"Mago" obtém inédito trio de capas

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Coelho já disse em diversas ocasiões que tinha poderes de mago. No fim de semana passado, o escritor deu sinais de que isso poderia não ser brincadeira. Pela primeira vez na história do jornalismo brasileiro, o lançamento de um livro, um livro seu, foi simultaneamente o tema da reportagem de capa das três maiores revistas semanais do país.
"Veja", "Época" e "IstoÉ" deram o bocado mais nobre de suas edições para anunciarem a publicação do romance "O Zahir", o 19º livro do escritor.
Não foi nenhuma agência de publicidade ou de relações públicas, nem alguma assessoria de imprensa a responsável pela façanha. Tampouco a editora que publica o escritor no Brasil. "O mérito é todo do Paulo Coelho", afirma Paulo Rocco, dono do selo editorial que leva seu sobrenome.
A estratégia de marketing do lançamento do livro, do qual foram impressas recordistas 320 mil cópias iniciais, veio lá da montanha francesa onde Coelho se retira para escrever seus best-sellers.
Da mesma forma que fará em diversos outros países, o escritor optou por oferecer a uma revista daqui o direito a publicar um livreto com o primeiro capítulo de seu livro. A escolhida foi a "Época", que teria ainda direito a conversar com o autor de best-sellers.
Segundo Rocco, a revista "Veja" tomou conhecimento disso e pressionou para ter acesso ao copião do livro e também ao direito de falar com seu autor. O escritor cedeu. A "IstoÉ", diz a assessoria de imprensa da Rocco, também vinha no rastro de Coelho. "Não fazia sentido que ficasse de fora." Editores e diretores das três revistas, procurados pela Folha, não se pronunciaram sobre o assunto.
A editora do escritor, que lançaria o livro no dia 2 de abril, divulgou nota na quarta anterior às capas tríplices na qual afirmava: "A demanda das livrarias fez a editora Rocco antecipar a distribuição do livro para o dia 22 de março".
A versão do próprio Paulo Rocco é diferente. "Quando soubemos que as três revistas haviam falado com ele, decidimos antecipar as vendas." Mas o editor diz não ter imaginado que obteria o destaque nas três publicações.
A estratégia de Coelho previa entrevistas aos jornais apenas depois do final de semana de 19 e 20 de março. A Folha e os demais veículos de grande porte, que haviam solicitado à Rocco acesso ao livro e à agenda do escritor, foram informados pela assessoria da editora que as revistas teriam primazia. Aos maiores diários, Folha incluída, Coelho agendou entrevistas para a segunda-feira.
Na edição do dia seguinte, os jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", do Rio, destacaram o lançamento do novo livro de Coelho na capa de seus suplementos culturais. O "Jornal do Brasil" (RJ) também estampou uma entrevista na terça, mas em página interna.
A avalanche noticiosa já deu frutos. Paulo Rocco atribui em parte a ela os 120 mil exemplares que diz ter vendido nos primeiros três dias. O editor conta que a campanha publicitária, com propagandas em ônibus e outros foguetórios, ainda nem começou.


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