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"Mago" obtém inédito trio de capas
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulo Coelho já disse em diversas ocasiões que tinha poderes de
mago. No fim de semana passado,
o escritor deu sinais de que isso
poderia não ser brincadeira. Pela
primeira vez na história do jornalismo brasileiro, o lançamento de
um livro, um livro seu, foi simultaneamente o tema da reportagem
de capa das três maiores revistas
semanais do país.
"Veja", "Época" e "IstoÉ" deram
o bocado mais nobre de suas edições para anunciarem a publicação do romance "O Zahir", o 19º livro do escritor.
Não foi nenhuma agência de publicidade ou de relações públicas,
nem alguma assessoria de imprensa a responsável pela façanha.
Tampouco a editora que publica o
escritor no Brasil. "O mérito é todo do Paulo Coelho", afirma Paulo
Rocco, dono do selo editorial que
leva seu sobrenome.
A estratégia de marketing do
lançamento do livro, do qual foram impressas recordistas 320 mil
cópias iniciais, veio lá da montanha francesa onde Coelho se retira
para escrever seus best-sellers.
Da mesma forma que fará em diversos outros países, o escritor optou por oferecer a uma revista daqui o direito a publicar um livreto
com o primeiro capítulo de seu livro. A escolhida foi a "Época", que
teria ainda direito a conversar com
o autor de best-sellers.
Segundo Rocco, a revista "Veja"
tomou conhecimento disso e pressionou para ter acesso ao copião
do livro e também ao direito de falar com seu autor. O escritor cedeu. A "IstoÉ", diz a assessoria de
imprensa da Rocco, também vinha no rastro de Coelho. "Não fazia sentido que ficasse de fora."
Editores e diretores das três revistas, procurados pela Folha, não se
pronunciaram sobre o assunto.
A editora do escritor, que lançaria o livro no dia 2 de abril, divulgou nota na quarta anterior às capas tríplices na qual afirmava: "A
demanda das livrarias fez a editora
Rocco antecipar a distribuição do
livro para o dia 22 de março".
A versão do próprio Paulo Rocco é diferente. "Quando soubemos
que as três revistas haviam falado
com ele, decidimos antecipar as
vendas." Mas o editor diz não ter
imaginado que obteria o destaque
nas três publicações.
A estratégia de Coelho previa entrevistas aos jornais apenas depois
do final de semana de 19 e 20 de
março. A Folha e os demais veículos de grande porte, que haviam
solicitado à Rocco acesso ao livro e
à agenda do escritor, foram informados pela assessoria da editora
que as revistas teriam primazia.
Aos maiores diários, Folha incluída, Coelho agendou entrevistas
para a segunda-feira.
Na edição do dia seguinte, os jornais "O Estado de S. Paulo" e "O
Globo", do Rio, destacaram o lançamento do novo livro de Coelho
na capa de seus suplementos culturais. O "Jornal do Brasil" (RJ)
também estampou uma entrevista
na terça, mas em página interna.
A avalanche noticiosa já deu frutos. Paulo Rocco atribui em parte a
ela os 120 mil exemplares que diz
ter vendido nos primeiros três
dias. O editor conta que a campanha publicitária, com propagandas em ônibus e outros foguetórios, ainda nem começou.
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