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Corte de luz do Masp leva promotoria a abrir investigação
ILUSTRADA Ministério Público busca apurar se as obras do museu correm risco de dano devido ao uso dos geradores
Eletropaulo e Masp farão reunião na manhã de hoje e devem acertar um modelo para pagamento da dívida de R$ 3,47 milhões
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público abriu
inquérito anteontem para investigar se o acervo do Museu
de Arte de São Paulo, o Masp,
corre risco de dano e segurança, porque a instituição está
funcionando à base de geradores, por conta do corte de energia realizado pela Eletropaulo
na última terça. O inquérito começou a ser cumprido ontem.
"Por causa das matérias de
jornal que li ontem (anteontem), entre elas a da Folha, decidi instaurar inquérito para
verificar se a coleção do Masp
corre perigo, afinal trata-se de
um patrimônio histórico e o
acervo é tombado", afirmou o
promotor de Justiça do Meio
Ambiente, Luis Roberto
Proença. Entre as áreas de responsabilidade da Promotoria
do Meio Ambiente estão o patrimônio artístico e o cultural.
Proença afirma que sua "primeira preocupação é verificar
se os geradores que estão sendo utilizados funcionam a contento, mantendo não só os
equipamentos de climatização
mas também os de segurança".
Para tanto, o promotor já solicitou ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que faça
uma análise das condições dos
geradores em uso pelo museu.
O promotor também expediu cartas pedindo dados a respeito do corte de energia à Eletropaulo e ao Masp. "Quero
compreender a motivação do
corte, mas não vou entrar na
questão financeira nem avaliar
a gestão do museu", disse
Proença, que deu prazo de dez
dias para obter as respostas.
Provável acordo
Na manhã de hoje, segundo a
Eletropaulo, haverá uma reunião entre o comando da empresa e o presidente do Masp,
Julio Neves. A Folha apurou
que provavelmente haverá um
acordo entre as duas partes,
para que o fornecimento de
energia seja retomado.
Julio Neves, que até ontem
evitava atender a imprensa,
marcou uma entrevista coletiva para às 11h30 de hoje -sua
assessoria dissera que ele só se
pronunciaria quando o caso estivesse solucionado.
A energia elétrica foi cortada
às 7h da última terça devido à
falta de pagamento de uma dívida de R$ 3,47 milhões, acumulada pelo museu nos últimos sete anos. Naquele dia,
Neves reuniu-se com a diretoria da Eletropaulo, mas, segundo a concessionária, não apresentou uma proposta viável.
Dois acordos já haviam sido
rompidos pelo Masp, um em
2000 e outro em 2004, que
previa 35 parcelas de R$ 21 mil,
das quais só a primeira foi paga.
O Masp reconheceu as dívidas e disse que havia proposto
pagá-las com "créditos tributários de terceiros". Segundo a
Eletropaulo, a proposta não
tem consistência jurídica.
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