São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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O amor nos tempos do Gulag

Martin Amis fala sobre "Casa de Encontros", seu novo romance, lançado agora no Brasil, que retrata um triângulo amoroso nos campos de trabalhos forçados do stalinismo

David Levenson/Getty Images
O escritor britânico Martin Amis, autor de "Casa dos Encontros"


SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

A praia de Jose Ignacio, balneário luxuoso no sul do Uruguai, não parece ser um lugar muito propício para refletir sobre grandes tragédias humanas, como a guerra e a fome.
Mas foi justamente com os pés fincados na areia, vivendo numa bela casa de veraneio e com as filhas adolescentes matriculadas na pacata escolinha local, que o escritor britânico Martin Amis, 57, decidiu se transportar para um dos episódios mais sombrios da história.
"Casa dos Encontros", o romance que resultou desse retiro de dois anos de Amis na América Latina, revive os gulags - campos de trabalho onde presos políticos eram encerrados na ex-União Soviética, sob a ditadura stalinista.
Ali, dois irmãos têm uma relação conflituosa, marcada pela diferença política -o mais velho é um ex-soldado bruto, o mais novo, um pacifista- e pela disputa amorosa. Ambos são apaixonados pela mesma mulher, Zoya, uma judia de "nádegas brasileiras", descrição certamente influenciada pelos passeios de Amis por aqui...
A "casa dos encontros" do título refere-se ao chalé em que prisioneiros podiam ter visitas íntimas. "Nada me parecia tão trágico e ao mesmo tempo tão estranho quanto o fato de existir a possibilidade de encontros sexuais no gulag. As mulheres viajavam longas distâncias, enfrentavam fome e frio. Era um mundo de sentimentos muito duros, em que uma espécie muito peculiar de amor se impunha a homens e mulheres", disse Amis à Folha.


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