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60º Festival de Cannes
Disputa por Palma está acirrada
Faltando apenas dois concorrentes para serem exibidos, críticas apontam leve favoritismo para três filmes
Longas dos irmãos Coen e de diretores romeno e alemão despontam; novos longas
de Fincher, Van Sant e Sokurov são bem cotados
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
Com as exibições de "Mogari
no Mori" (a floresta de Mogari),
da japonesa Naomi Kawase, e
"Promise me This" (prometa-me isso), do sérvio Emir Kusturica, o Festival de Cannes encerra hoje a disputa pela Palma
de Ouro desta 60ª edição, que
será entregue amanhã.
Kusturica é um dos seis únicos cineastas que já venceram
duas vezes a Palma de Ouro
-com "Underground" (1995) e
"Quando Papai Saiu em Viagem
de Negócios" (1985).
Os 20 concorrentes apresentados até ontem conformaram
uma disputa equilibrada. A crítica francesa e a dos demais países presentes ao festival não
elegeram um favorito, mas sim
um "pelotão de frente" de fortes candidatos.
As preferências se dispersam
principalmente entre o romeno "4 Luni, 3 Saptamini si 2 Zile" (4 meses, 3 semanas e 2
dias) -sobre duas amigas que
tentam contornar a proibição
do aborto, na ditadura de Nicolau Ceausescu-, o norte-americano "No Country for Old
Men" (sem espaço para velhos),
dos irmãos Joel e Ethan Coen
-uma saga criminal no Oeste
americano-, e "Auf Der Anderen Seite" (do outro lado), em
que o turco-alemão Fatih Akin
narra uma história de amor e
morte com pano de fundo político, usando a fronteira entre os
dois países.
Também são vistos entre os
melhores pela crítica os norte-americanos "Zodíaco" (David
Fincher), "Paranoid Park" (Gus
Van Sant) e o russo "Alexandra", de Alexander Sokurov,
que, doente na Rússia, não
compareceu ao festival. Um
problema de saúde também
impediu a viagem da atriz principal, a cantora lírica Galina
Vishnevskaya. No filme, idosa e
sentindo-se solitária, Alexandra (Vishnevskaya) faz um longo percurso até o acampamento de guerra para encontrar o
neto, oficial do Exército.
Divisão
As preferências da crítica raramente coincidem com o resultado do júri. Neste ano, a
própria crítica se dividiu em
avaliações completamente
opostas, em torno de um segundo grupo de filmes.
Foram amados e odiados na
mesma medida na Croisette os
novos títulos do norte-americano Quentin Tarantino
("Death Proof"), do húngaro
Béla Tarr ("The Man from London") e do mexicano Carlos
Reygadas ("Stellet Licht").
Outro que teve rejeição de
parte da crítica, mas deve ser
lembrado pelo júri, é o sul-coreano "Secret Sunshine" (luz
secreta), de Lee Chang-dong.
Calcado num admirável desempenho da atriz Jeon Do-yeon, "Secret Sunshine" acompanha a trajetória de uma jovem viúva que, cuidando sozinha do filho pequeno, é alcançada por nova tragédia.
Ontem, estreou o último dos
três candidatos franceses à Palma de Ouro -"Une Vieille Maîtresse", de Catherine Breillat.
Conhecida por filmes despudorados como "Romance",
Breillat fez um contido relato
de uma turbulenta relação de
amantes no século 19.
"Une Vieille..." foi recebido
com aplausos. Um único filme
foi vaiado nas sessões para a
imprensa, o norte-americano
"We Own the Night" (a noite é
nossa), trama policial de James
Gray, que envolve a máfia russa
do narcotráfico em Nova York e
um conflito familiar, com Mark
Wahlberg e Joaquin Phoenix
no elenco.
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