São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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60º Festival de Cannes

Disputa por Palma está acirrada

Faltando apenas dois concorrentes para serem exibidos, críticas apontam leve favoritismo para três filmes

Longas dos irmãos Coen e de diretores romeno e alemão despontam; novos longas de Fincher, Van Sant e Sokurov são bem cotados


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Com as exibições de "Mogari no Mori" (a floresta de Mogari), da japonesa Naomi Kawase, e "Promise me This" (prometa-me isso), do sérvio Emir Kusturica, o Festival de Cannes encerra hoje a disputa pela Palma de Ouro desta 60ª edição, que será entregue amanhã.
Kusturica é um dos seis únicos cineastas que já venceram duas vezes a Palma de Ouro -com "Underground" (1995) e "Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios" (1985).
Os 20 concorrentes apresentados até ontem conformaram uma disputa equilibrada. A crítica francesa e a dos demais países presentes ao festival não elegeram um favorito, mas sim um "pelotão de frente" de fortes candidatos.
As preferências se dispersam principalmente entre o romeno "4 Luni, 3 Saptamini si 2 Zile" (4 meses, 3 semanas e 2 dias) -sobre duas amigas que tentam contornar a proibição do aborto, na ditadura de Nicolau Ceausescu-, o norte-americano "No Country for Old Men" (sem espaço para velhos), dos irmãos Joel e Ethan Coen -uma saga criminal no Oeste americano-, e "Auf Der Anderen Seite" (do outro lado), em que o turco-alemão Fatih Akin narra uma história de amor e morte com pano de fundo político, usando a fronteira entre os dois países.
Também são vistos entre os melhores pela crítica os norte-americanos "Zodíaco" (David Fincher), "Paranoid Park" (Gus Van Sant) e o russo "Alexandra", de Alexander Sokurov, que, doente na Rússia, não compareceu ao festival. Um problema de saúde também impediu a viagem da atriz principal, a cantora lírica Galina Vishnevskaya. No filme, idosa e sentindo-se solitária, Alexandra (Vishnevskaya) faz um longo percurso até o acampamento de guerra para encontrar o neto, oficial do Exército.

Divisão
As preferências da crítica raramente coincidem com o resultado do júri. Neste ano, a própria crítica se dividiu em avaliações completamente opostas, em torno de um segundo grupo de filmes.
Foram amados e odiados na mesma medida na Croisette os novos títulos do norte-americano Quentin Tarantino ("Death Proof"), do húngaro Béla Tarr ("The Man from London") e do mexicano Carlos Reygadas ("Stellet Licht").
Outro que teve rejeição de parte da crítica, mas deve ser lembrado pelo júri, é o sul-coreano "Secret Sunshine" (luz secreta), de Lee Chang-dong.
Calcado num admirável desempenho da atriz Jeon Do-yeon, "Secret Sunshine" acompanha a trajetória de uma jovem viúva que, cuidando sozinha do filho pequeno, é alcançada por nova tragédia.
Ontem, estreou o último dos três candidatos franceses à Palma de Ouro -"Une Vieille Maîtresse", de Catherine Breillat. Conhecida por filmes despudorados como "Romance", Breillat fez um contido relato de uma turbulenta relação de amantes no século 19.
"Une Vieille..." foi recebido com aplausos. Um único filme foi vaiado nas sessões para a imprensa, o norte-americano "We Own the Night" (a noite é nossa), trama policial de James Gray, que envolve a máfia russa do narcotráfico em Nova York e um conflito familiar, com Mark Wahlberg e Joaquin Phoenix no elenco.


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