São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Crítica/"Retour en Normandie"

Philibert vai ao passado em novo documentário

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Cinco anos depois do sucesso crítico e popular de "Ser e Ter", também iniciado aqui na Croisette, o documentarista francês Nicolas Philibert volta a Cannes com "Retour en Normandie" (retorno à Normandia). É também um retorno ao passado.
Aos 24 anos, em 1975, Philibert deu seus primeiros passos no cinema como assistente de direção de René Allio nas filmagens de "Eu, Pierre Rivière, que Matei Minha Mãe, Irmã e Irmão" (1975).
Inspirado por um estudo clássico de Michel Foucault, o filme reencena, misturando atores profissionais e camponeses da região do crime, o triplo assassinato em família.
"Retour en Normandie" é uma dupla reconstituição. A primeira é a do processo de produção e de filmagem do cult de Allio. Philibert narra pessoalmente os desafios da roteirização, partilhados por Allio com os então jovens Serge Toubiana e Pascal Bonitzer (futuros líderes da revista "Cahiers du Cinéma"), as imensas dificuldades financeiras para as rodagens, o extenso trabalho de pesquisa de atores e locações.
A segunda, e mais original, é a do impacto da experiência cinematográfica na vida posterior daquele grupo de camponeses. Alguns seguiram a rota pacata de seus antepassados, ligados à produção rural. Uma das jovens protagonistas guinou, compreensivelmente, rumo ao trabalho com psicologia.
O mais misterioso de todos, Claude Hébert, intérprete de Pierre Rivière, sumiu da região sem deixar pistas e é descoberto por Philibert como missionário religioso no Haiti.
Philibert filma a experiência francesa como poucos e a torna universal como nenhum de seus contemporâneos no documentário gaulês.


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