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Crítica/"Retour en Normandie"
Philibert vai ao passado em novo documentário
AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
Cinco anos depois do sucesso crítico e popular
de "Ser e Ter", também
iniciado aqui na Croisette, o documentarista francês Nicolas
Philibert volta a Cannes com
"Retour en Normandie" (retorno à Normandia). É também
um retorno ao passado.
Aos 24 anos, em 1975, Philibert deu seus primeiros passos
no cinema como assistente de
direção de René Allio nas filmagens de "Eu, Pierre Rivière, que
Matei Minha Mãe, Irmã e Irmão" (1975).
Inspirado por um estudo
clássico de Michel Foucault, o
filme reencena, misturando
atores profissionais e camponeses da região do crime, o triplo assassinato em família.
"Retour en Normandie" é
uma dupla reconstituição. A
primeira é a do processo de
produção e de filmagem do cult
de Allio. Philibert narra pessoalmente os desafios da roteirização, partilhados por Allio
com os então jovens Serge Toubiana e Pascal Bonitzer (futuros líderes da revista "Cahiers
du Cinéma"), as imensas dificuldades financeiras para as rodagens, o extenso trabalho de
pesquisa de atores e locações.
A segunda, e mais original, é a
do impacto da experiência cinematográfica na vida posterior daquele grupo de camponeses. Alguns seguiram a rota
pacata de seus antepassados, ligados à produção rural. Uma
das jovens protagonistas guinou, compreensivelmente, rumo ao trabalho com psicologia.
O mais misterioso de todos,
Claude Hébert, intérprete de
Pierre Rivière, sumiu da região
sem deixar pistas e é descoberto por Philibert como missionário religioso no Haiti.
Philibert filma a experiência
francesa como poucos e a torna
universal como nenhum de
seus contemporâneos no documentário gaulês.
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