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memória
Sala era o cinema "dos office-boys"
CARLOS REICHENBACH
ESPECIAL PARA A FOLHA
A exemplo do Vitória, no Rio, e do
São João, em Porto Alegre, o Marabá foi
uma das salas populares e
lançadoras do país, sobretudo de filmes brasileiros,
nos anos 60 e 70.
Ficou conhecido como
"o cinema dos office-boys". Não havia nada de
pejorativo no apelido. É
que, na época, os filmes estreavam nas segundas-feiras e as duas primeiras
sessões, das 10h e das 12h,
funcionavam como balão
de ensaio. Se o filme caía
no agrado da rapaziada
dos escritórios, valia apostar na sua permanência
por dois ou três meses.
O ingresso custava o
preço da passagem de ônibus, e eles podiam economizar no almoço para se
esparramar nas poltronas.
O que os atraia ao cinema era unânime: as imagens dos imensos outdoors. Os exibidores contratavam pintores que reproduziam de forma tosca
as fotos de divulgação. Desenhadas a toque de caixa,
tais imagens muitas vezes
lembravam traços menos
explícitos de Carlos Zéfiro.
Minha desconfiança na
tentativa de ressuscitar o
espírito de comunhão coletiva com a reabertura do
Marabá, nestes tempos de
exagerada assepsia dos
multiplexes, é que ver um
filme venha a ser tão emocionante quanto um passeio pelo ambulatório
mais próximo.
CARLOS REICHENBACH é cineasta, diretor de filmes como "Falsa Loura".
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