São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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memória

Sala era o cinema "dos office-boys"

CARLOS REICHENBACH
ESPECIAL PARA A FOLHA

A exemplo do Vitória, no Rio, e do São João, em Porto Alegre, o Marabá foi uma das salas populares e lançadoras do país, sobretudo de filmes brasileiros, nos anos 60 e 70.
Ficou conhecido como "o cinema dos office-boys". Não havia nada de pejorativo no apelido. É que, na época, os filmes estreavam nas segundas-feiras e as duas primeiras sessões, das 10h e das 12h, funcionavam como balão de ensaio. Se o filme caía no agrado da rapaziada dos escritórios, valia apostar na sua permanência por dois ou três meses.
O ingresso custava o preço da passagem de ônibus, e eles podiam economizar no almoço para se esparramar nas poltronas. O que os atraia ao cinema era unânime: as imagens dos imensos outdoors. Os exibidores contratavam pintores que reproduziam de forma tosca as fotos de divulgação. Desenhadas a toque de caixa, tais imagens muitas vezes lembravam traços menos explícitos de Carlos Zéfiro.
Minha desconfiança na tentativa de ressuscitar o espírito de comunhão coletiva com a reabertura do Marabá, nestes tempos de exagerada assepsia dos multiplexes, é que ver um filme venha a ser tão emocionante quanto um passeio pelo ambulatório mais próximo.

CARLOS REICHENBACH é cineasta, diretor de filmes como "Falsa Loura".



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