São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2010

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Após trauma, Mombojó volta à ativa

Banda supera a perda de dois integrantes, lança "Amigo do Tempo" e garante que não pensou em acabar

Agora um quinteto, grupo compôs músicas em um mês, dormindo todos juntos no mesmo quarto em Recife


MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Ao contrário do que se chegou a imaginar, o Mombojó está na ativa. A banda pernambucana, uma das maiores promessas do cenário independente na década passada, não lançava um disco há quatro anos. E, para muita gente, tinha acabado.
Foram muitos os contratempos. Entre "Homem Espuma", o trabalho de 2006, e agora, perderam dois integrantes. O flautista Rafael Torres morreu do coração em 2007. O violonista Marcelo Campello deixaria a banda no ano seguinte.
Com lançamento "físico" marcado para 19 de junho (e download gratuito a partir de 7 de junho no site da banda), "Amigo do Tempo" marca a recuperação da banda, a reacomodação em quinteto.
"Senti que estávamos nos perdendo do público", diz o vocalista Felipe S. "Mas tentávamos não nos deixasse levar. Se algumas pessoas acharam que a gente foi "a" banda e deixou de ser, é melhor recuperar isso agora, na prática, com o disco."
Não é exagero afirmar: Roberto Carlos -o Rei- bancou o terceiro disco do Mombojó.
"Amigo do Tempo" levou dois anos para ficar pronto.
Primeiro, a banda inscreveu o projeto em vários editais a fim de levantar os R$ 30 mil que julgava necessários para viabilizar o disco. Nenhum deles foi aprovado.
Em janeiro, partiram para o plano B. Meteram a mão na massa, formaram parcerias com amigos e pagaram as gravações do próprio bolso.

Roberto Carlos
O dinheiro para isso, ganharam em shows semanais não do Mombojó, mas do Del Rey, banda que levam em paralelo, interpretando apenas repertório de Roberto.
Também é o Del Rey, eles dizem, que paga o aluguel da casa onde moram, na Pompeia (moram em São Paulo desde o ano passado), a comida, as contas. E a existência do próprio Mombojó.
"Roberto Carlos é um dos únicos artistas que conseguem chegar em qualquer público, de qualquer classe social", diz o vocalista Felipe S. "Ele atinge um mercado que o Mombojó nunca vai ter -e a gente nem acha errado que não chegue."
O Del Rey cumpre, portanto, função parecida com a de alguns artistas populares -Roberto, inclusive- nos tempos áureos da gravadoras, quando o rendimento obtido com o sucesso de alguns subsidiava as experiências formais de outros. Uma vez assimilado que teriam que parir o álbum às próprias custas, os cinco meninos partiram para Recife.
Internaram-se por um mês em um sítio, dormindo no mesmo quarto, e começaram a compor compulsivamente. Gravaram ali quase toda a base do disco. Outros detalhes entraram na volta, no estúdio caseiro que têm no subsolo da casa na Pompeia.
"Em estúdio [profissional], a gente só refez algumas coisas de voz e bateria. E bem poucas", garante o tecladista Chiquinho Moreira. A produção foi coassinada com Pupillo, da Nação Zumbi.


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