São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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FILMES

TV ABERTA

Hunter tem casamento arranjado em "O Piano"

Um Grande Garoto
Record, 20h30.
(About a Boy). EUA, 2002, 105 min. Direção: Chris e Paul Weitz. Com Hugh Grant, Toni Collete. Will Freeman (Hugh Grant) é um homem na faixa dos trinta anos que inventa ter um filho apenas para poder comparecer às reuniões de pais solteiros, onde tem a oportunidade de conhecer mães também solteiras. Certo dia, Will conhece um garoto de 12 anos, e os dois acabam ficando amigos.

Medidas Desesperadas
Bandeirantes, 22h.
(Desperate Measures). EUA, 1998, 100 min. Direção: Barbet Schroeder. Com Andy Garcia, Michael Keaton. Policial precisa encontrar doador compatível para salvar seu filho, muito doente. Quem será a única pessoa que encontram? Claro, um criminoso psicótico em último grau. O "plot" é banal, mas Schroeder consegue salvar os móveis, o que é alguma coisa.

Fim dos Dias
SBT, 22h30.
(End of Days). EUA, 1999, 120 min. Direção: Peter Hyams. Com Arnold Schwarzenegger. Às vésperas do ano 2000, Satã está em Nova York em busca de uma mulher para gestar seu filho, o anti-Cristo. A mulher escolhida começa a ter terríveis visões e, entre outros, começa a ser perseguida por religiosos dispostos a matá-la. Bem, Arnold é o tira escolhido para protegê-la. Alguém quer comparar isso com, por exemplo, "O Bebê de Rosemary"? Não, não precisa. Inédito.

O Piano
Bandeirantes, 1h.
(The Piano). Nova Zelândia, 1993, 122 min. Direção: Jane Campion. Com Holly Hunter, Harvey Keitel. Holly Hunter faz a muda que deixa a Grã-Bretanha com destino à Nova Zelândia, em vista de casamento arranjado com um fazendeiro. A decepção é mais que previsível. O encontro com um rude nativo, menos. Pode-se preferir a Jane Campion de "Um Anjo em Minha Mesa". Aqui, há algo de convencional na chave feminista em que trabalha a autora (o mutismo simbolizando sua condição, essas coisas). Tende, por essas e outras, ao "filme de arte". Agora, os atores são um espetáculo, em particular, no caso, Holly Hunter.

Jerry Maguire - A Grande Virada
Globo, 1h45.
(Jerry Maguire). EUA, 1996, 135 min. Direção: Cameron Crowe. Com Renee Zellweger, Tom Cruise, Cuba Gooding Jr. A história diz respeito ao agente Jerry Maguire, que, em dado momento, rebela-se contra o mercantilismo de seus patrões, é despedido, marginalizado, e passa a cuidar dos interesses de um único atleta, um jogador de futebol americano meio obscuro. O filme foi indicado para vários Oscars, o que prova sobretudo como o prêmio é permeável a influências políticas. O conjunto é medíocre. Cuba Gooding ganhou o prêmio de melhor coadjuvante, quando o prêmio certo seria o de interpretação mais histérica.

Rio Shannon
SBT, 2h.
(Rio Shannon). EUA, 1993. Direção: Mimi Leder. Com Blair Brown, Patrick van Horn. Após a morte do marido, viúva decide enfrentar outra adversidade: morar com os filhos numa fazenda abandonada e torná-la produtiva. Feito para TV. Só para São Paulo.

Divas
SBT, 3h45.
(Divas). EUA, 1995. Direção: Thomas Carter. Com Khalil Kain. Empresário lidera grupo de quatro cantoras em busca do sucesso na extremamente competitiva indústria do disco. Feito para TV.

A Mulher do Chefe
Globo, 4h05.
(The Boss" Wife). EUA, 1986, 81 min. Direção: Ziggy Steinberg. Com Daniel Stern, Arielle Dombasle, Christopher Plummer. Puxa-saco introduz-se na intimidade do chefe. E um pouco mais: na da mulher do chefe. (IA)

TV PAGA

"Os Pássaros" exorciza pecado de Tippi Hedren

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Todos sabemos o que Tippi Hedren sofreu fazendo "Os Pássaros" (TC Classic, 23h05), inclusive as bicadas que recebeu dos animais. Essa flagelação que lhe impôs Hitchcock seria proporcional à perturbação que a jovem atriz provocava no velho mestre. De natureza sexual, é claro.
Existe aí um mistério: por que esses flagelos atingem maior intensidade com Tippi, que sucede Ingrid Bergman e Grace Kelly na linhagem de loiras prediletas por Hitchcock? Ou será que o fato de ser contratada por Hitch incitou nele o desejo ter sobre ela um domínio completo, coisa que jamais sonharia com as duas outras?
Não é o fato biográfico que é relevante, mas o artístico, embora ambos se aproximem. O "lado obscuro" do gênio, a que se refere seu biógrafo, não é senão o lado obscuro do homem, tal como tratado por Hitchcock.
É uma (outra, na verdade) oposição sensível a notar nos estilos e pensamentos de Hitchcock e Howard Hawks. Para Hawks, nada é menos misterioso do que o homem. Não por acaso, Jacques Rivette chamou-o de cineasta "da evidência". Para Hitchcock, o mistério é próprio do humano. Em Hawks, tudo está na aparência. Em Hitch, fazer com que imagem e ser coincidam é uma luta quase épica, ao longo da qual o homem e a mulher precisam entrar em contato e estabelecer uma convivência com sua culpa.
"Os Pássaros", de certa forma, passa de todos os limites. Nosso horizonte é tomado por seres de aparência angelical e essência diabólica. Eles nos flagelam duramente, talvez por sermos seres de sexualidade. Talvez por sermos que nem eles, diabólicos. Eles atacam a todos, em particular às crianças. Porque não existe inocência; todos merecem o flagelo. Todos precisam exorcizar o pecado de existir e de ser homem. Talvez Hedren precisasse, na visão de Hitchcock, um pouco mais.


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