|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FILMES
TV ABERTA
Hunter tem casamento arranjado em "O Piano"
Um Grande Garoto
Record, 20h30.
(About a Boy). EUA, 2002, 105 min.
Direção: Chris e Paul Weitz. Com Hugh
Grant, Toni Collete. Will Freeman (Hugh
Grant) é um homem na faixa dos trinta
anos que inventa ter um filho apenas
para poder comparecer às reuniões de
pais solteiros, onde tem a oportunidade
de conhecer mães também solteiras.
Certo dia, Will conhece um garoto de 12
anos, e os dois acabam ficando amigos.
Medidas Desesperadas
Bandeirantes, 22h.
(Desperate Measures). EUA, 1998, 100
min. Direção: Barbet Schroeder. Com
Andy Garcia, Michael Keaton. Policial
precisa encontrar doador compatível
para salvar seu filho, muito doente.
Quem será a única pessoa que
encontram? Claro, um criminoso
psicótico em último grau. O "plot" é
banal, mas Schroeder consegue salvar os
móveis, o que é alguma coisa.
Fim dos Dias
SBT, 22h30.
(End of Days). EUA, 1999, 120 min.
Direção: Peter Hyams. Com Arnold
Schwarzenegger. Às vésperas do ano
2000, Satã está em Nova York em busca
de uma mulher para gestar seu filho, o
anti-Cristo. A mulher escolhida começa a
ter terríveis visões e, entre outros,
começa a ser perseguida por religiosos
dispostos a matá-la. Bem, Arnold é o tira
escolhido para protegê-la. Alguém quer
comparar isso com, por exemplo, "O
Bebê de Rosemary"? Não, não precisa.
Inédito.
O Piano
Bandeirantes, 1h.
(The Piano). Nova Zelândia, 1993, 122
min. Direção: Jane Campion. Com Holly
Hunter, Harvey Keitel. Holly Hunter faz a
muda que deixa a Grã-Bretanha com
destino à Nova Zelândia, em vista de
casamento arranjado com um
fazendeiro. A decepção é mais que
previsível. O encontro com um rude
nativo, menos. Pode-se preferir a Jane
Campion de "Um Anjo em Minha Mesa".
Aqui, há algo de convencional na chave
feminista em que trabalha a autora (o
mutismo simbolizando sua condição,
essas coisas). Tende, por essas e outras,
ao "filme de arte". Agora, os atores são
um espetáculo, em particular, no caso,
Holly Hunter.
Jerry Maguire - A Grande Virada
Globo, 1h45.
(Jerry Maguire). EUA, 1996, 135 min.
Direção: Cameron Crowe. Com Renee
Zellweger, Tom Cruise, Cuba Gooding Jr.
A história diz respeito ao agente Jerry
Maguire, que, em dado momento,
rebela-se contra o mercantilismo de seus
patrões, é despedido, marginalizado, e
passa a cuidar dos interesses de um
único atleta, um jogador de futebol
americano meio obscuro. O filme foi
indicado para vários Oscars, o que prova
sobretudo como o prêmio é permeável a
influências políticas. O conjunto é
medíocre. Cuba Gooding ganhou o
prêmio de melhor coadjuvante, quando
o prêmio certo seria o de interpretação
mais histérica.
Rio Shannon
SBT, 2h.
(Rio Shannon). EUA, 1993. Direção: Mimi
Leder. Com Blair Brown, Patrick van
Horn. Após a morte do marido, viúva
decide enfrentar outra adversidade:
morar com os filhos numa fazenda
abandonada e torná-la produtiva. Feito
para TV. Só para São Paulo.
Divas
SBT, 3h45.
(Divas). EUA, 1995. Direção: Thomas
Carter. Com Khalil Kain. Empresário
lidera grupo de quatro cantoras em
busca do sucesso na extremamente
competitiva indústria do disco. Feito
para TV.
A Mulher do Chefe
Globo, 4h05.
(The Boss" Wife). EUA, 1986, 81 min.
Direção: Ziggy Steinberg. Com Daniel
Stern, Arielle Dombasle, Christopher
Plummer. Puxa-saco introduz-se na
intimidade do chefe. E um pouco mais:
na da mulher do chefe.
(IA)
TV PAGA
"Os Pássaros" exorciza pecado de Tippi Hedren
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Todos sabemos o que Tippi
Hedren sofreu fazendo "Os
Pássaros" (TC Classic, 23h05), inclusive as bicadas que recebeu dos
animais. Essa flagelação que lhe
impôs Hitchcock seria proporcional à perturbação que a jovem
atriz provocava no velho mestre.
De natureza sexual, é claro.
Existe aí um mistério: por que
esses flagelos atingem maior intensidade com Tippi, que sucede
Ingrid Bergman e Grace Kelly na
linhagem de loiras prediletas por
Hitchcock? Ou será que o fato de
ser contratada por Hitch incitou
nele o desejo ter sobre ela um domínio completo, coisa que jamais
sonharia com as duas outras?
Não é o fato biográfico que é relevante, mas o artístico, embora
ambos se aproximem. O "lado
obscuro" do gênio, a que se refere
seu biógrafo, não é senão o lado
obscuro do homem, tal como tratado por Hitchcock.
É uma (outra, na verdade) oposição sensível a notar nos estilos e
pensamentos de Hitchcock e Howard Hawks. Para Hawks, nada é
menos misterioso do que o homem. Não por acaso, Jacques Rivette chamou-o de cineasta "da
evidência". Para Hitchcock, o
mistério é próprio do humano.
Em Hawks, tudo está na aparência. Em Hitch, fazer com que imagem e ser coincidam é uma luta
quase épica, ao longo da qual o
homem e a mulher precisam entrar em contato e estabelecer uma
convivência com sua culpa.
"Os Pássaros", de certa forma,
passa de todos os limites. Nosso
horizonte é tomado por seres de
aparência angelical e essência diabólica. Eles nos flagelam duramente, talvez por sermos seres de
sexualidade. Talvez por sermos
que nem eles, diabólicos. Eles atacam a todos, em particular às
crianças. Porque não existe inocência; todos merecem o flagelo.
Todos precisam exorcizar o pecado de existir e de ser homem. Talvez Hedren precisasse, na visão de
Hitchcock, um pouco mais.
Texto Anterior: Astrologia Próximo Texto: José Simão Índice
|