São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Miniverão brasileiro

Na SPFW, as roupas encurtaram e a imaginação das grifes também

O verão no Brasil será mini. Minishorts e minivestidos apareceram em profusão nos desfiles da São Paulo Fashion Week, que terminou na segunda-feira.
Além de deixarem as garotas bem à vontade no calor, os minis têm a vantagem extra de consumirem menos tecidos -coisa muito útil nestes tempos de crise econômica.
Mas não foram só as roupas que se miniaturizaram nas passarelas. A imaginação e a ousadia dos estilistas também parecem ter encurtado.
No balanço final, exceto por duas ou três coleções, a temporada do verão 2009/10 deverá legar pouca coisa memorável ao repertório da moda brasileira, do ponto de vista da criação.
A situação econômica pode ter sido importante para que as marcas colocassem o pé no freio. Não foi, porém, o único fator. Houve uma evidente falta de ideias na maioria das coleções, além de um excesso de cautela que as lançou numa infindável repetição de clichês.
As marcas de maior público, com poder e influência para pilotarem inovações pontuais no mercado, se satisfizeram como o habitual, exibindo sem pudores suas limitações ou restrições criativas -apesar dos espetáculos e das topmodels.
Outras marcas, de porte médio, que costumam correr mais riscos, acabaram aderindo a imagens convencionais. Grifes pequenas -às vezes quase ateliês de costura-, que poderiam estar na vanguarda do design de moda, imergiram com frequência em delírios de elegância retrô ou se perderam em construções rudimentares, devido à escassez de recursos.
Em toda fashion week, a criação "revolucionária" é sempre exceção. Alguns raros estilistas, de talento excepcional, se metem a trilhar rumos inéditos, tentando entender o momento atual e levá-lo às passarelas.
A maioria das grifes segue por horizontes consagrados, introduzindo aqui e ali alguma ousadia. Porém, feitas as contas e equilibradas as peças do jogo, de toda semana de moda precisam sair imagens fortes que definirão a temporada e também lembrarão a todo mundo que a moda está viva e influente.
Há várias belas imagens da última SPFW, mas serão elas suficientemente vigorosas para configurarem o próximo verão brasileiro na moda? Serão capazes de rivalizar com a criação "espontânea" que nasce nas praias e nas ruas e se irradia como febre por todo o país?
O verão é uma estação quase hegemônica no Brasil. As grifes da SPFW, que representam o melhor do design de moda nacional, poderiam se esforçar mais para transformarem a temporada na principal vitrine fashion do país, em vez de se apegarem com tanto medo ao universo cansado da tradição.
Que venham os minivestidos, mas com maxinovidades e macrointeligência.

Com VIVIAN WHITEMAN


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