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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Miniverão brasileiro
Na SPFW,
as roupas encurtaram e a imaginação das grifes também
O verão no Brasil será mini.
Minishorts e minivestidos apareceram em profusão nos desfiles da São Paulo Fashion Week,
que terminou na segunda-feira.
Além de deixarem as garotas
bem à vontade no calor, os minis têm a vantagem extra de
consumirem menos tecidos
-coisa muito útil nestes tempos de crise econômica.
Mas não foram só as roupas
que se miniaturizaram nas passarelas. A imaginação e a ousadia dos estilistas também parecem ter encurtado.
No balanço final, exceto por
duas ou três coleções, a temporada do verão 2009/10 deverá
legar pouca coisa memorável
ao repertório da moda brasileira, do ponto de vista da criação.
A situação econômica pode
ter sido importante para que as
marcas colocassem o pé no
freio. Não foi, porém, o único
fator. Houve uma evidente falta
de ideias na maioria das coleções, além de um excesso de
cautela que as lançou numa infindável repetição de clichês.
As marcas de maior público,
com poder e influência para pilotarem inovações pontuais no
mercado, se satisfizeram como
o habitual, exibindo sem pudores suas limitações ou restrições criativas -apesar dos espetáculos e das topmodels.
Outras marcas, de porte médio, que costumam correr mais
riscos, acabaram aderindo a
imagens convencionais. Grifes
pequenas -às vezes quase ateliês de costura-, que poderiam
estar na vanguarda do design
de moda, imergiram com frequência em delírios de elegância retrô ou se perderam em
construções rudimentares, devido à escassez de recursos.
Em toda fashion week, a criação "revolucionária" é sempre
exceção. Alguns raros estilistas,
de talento excepcional, se metem a trilhar rumos inéditos,
tentando entender o momento
atual e levá-lo às passarelas.
A maioria das grifes segue
por horizontes consagrados,
introduzindo aqui e ali alguma
ousadia. Porém, feitas as contas
e equilibradas as peças do jogo,
de toda semana de moda precisam sair imagens fortes que definirão a temporada e também
lembrarão a todo mundo que a
moda está viva e influente.
Há várias belas imagens da
última SPFW, mas serão elas
suficientemente vigorosas para
configurarem o próximo verão
brasileiro na moda? Serão capazes de rivalizar com a criação
"espontânea" que nasce nas
praias e nas ruas e se irradia como febre por todo o país?
O verão é uma estação quase
hegemônica no Brasil. As grifes
da SPFW, que representam o
melhor do design de moda nacional, poderiam se esforçar
mais para transformarem a
temporada na principal vitrine
fashion do país, em vez de se
apegarem com tanto medo ao
universo cansado da tradição.
Que venham os minivestidos, mas com maxinovidades e
macrointeligência.
Com VIVIAN WHITEMAN
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