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Festival de jazz em Manaus se destaca pela qualidade
Primeira edição aposta bem no ecletismo musical
CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
Jazz em Manaus? Muita gente se surpreendeu ao saber da
realização do 1º Festival Amazonas Jazz, que encerrou no
domingo uma programação de
quatro dias de shows, workshops e mostras de filmes e pinturas. Mas quem teve a chance
de acompanhar os concertos no
palco e na área externa do teatro Amazonas presenciou um
festival que não deve nada em
organização e qualidade musical a eventos similares no país
ou no exterior.
A noite de estréia já começou
em alta temperatura com a exibição da Amazonas Band. Comandada pelo maestro e arranjador Rui Carvalho, diretor artístico do festival, a big band
manauense brilhou tocando temas de Arturo Sandoval, Moacir Santos e Tom Jobim com
garra e senso de conjunto. Sem
falar na técnica perfeita do norte-americano Steve Mostovoy,
trompetista convidado.
Depois entrou em cena o
quinteto de feras do saxofonista paulista Vinicius Dorin, que
exibiu composições próprias e
longos solos jazzísticos. Escalados para substituir o norte-americano Terence Blanchard,
o flautista carioca Carlos Malta
e seu grupo Pife Muderno foram a maior surpresa da noite:
seus pífanos e improvisos calcados em ritmos do Nordeste
excitaram a platéia.
O ecletismo da estréia estendeu-se às noites seguintes. O
destaque da sexta-feira foi o baterista nova-iorquino John Hollenbeck e seu Claudia Quintet,
que exibiu um jazz bem criativo
e próximo da música contemporânea de vanguarda. Bem-humorado, ao ouvir o pedido
para que tocasse um standard
do jazz, o compositor demonstrou personalidade: "Vou tocar
um standard meu".
Já o veterano Gaudêncio
Thiago de Mello, manauense
radicado nos Estados Unidos,
decepcionou aqueles que não o
ouviam há muito tempo. Nem
as presenças de bons músicos
do Rio de Janeiro, como o saxofonista Idriss Boudrioua e o
pianista Haroldo Mauro, salvaram a desalinhavada apresentação do percussionista, que
não se deu ao trabalho de ensaiar seus sambas.
No sábado, a atração principal foi o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, que fez um
concerto solo sem concessões,
improvisando livremente. Mas
quem acabou roubando a noite
foram os violonistas do Duofel,
num show energético e recheado de homenagens a músicos e
locais de Manaus.
Tendo a fachada do teatro
Amazonas como cenário, a noite de encerramento se deu ao ar
livre. Começou com as elegantes composições do baterista
gaúcho Nenê, seguidas pelo vibrante jazz mainstream do saxofonista norte-americano
Jimmy Greene. E terminou em
ritmo de festa com os sambas,
choros e baiões contagiantes da
Banda Mantiqueira. O alto nível musical da primeira edição
do Amazonas Jazz já o inscreve
entre os principais festivais do
gênero no país.
O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite
da produção do festival
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