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MAM recebe nova coleção de arte brasileira
Museu abrigará por três anos o acervo dos colecionadores Eduardo Brandão e Jan Fjeld; exposição marca o comodato
Leonilson e Geraldo de Barros são os artistas mais bem representados na coleção, com 300 obras e foco nas décadas de 80 e 90
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um conjunto de 150 obras
agrupadas sob um viés afetivo.
Uma síntese representativa das
artes plásticas brasileiras dos
anos 80 e 90. Esses dois eixos
podem ser observados na exposição "Sem Título, 2006. Comodato Eduardo Brandão e
Jan Fjeld", que é aberta hoje
para convidados (amanhã para
público) no MAM (Museu de
Arte Moderna) de São Paulo.
A mostra serve como cartão
de visitas para o oficialização
do comodato de três anos de
Brandão e Fjeld com o museu.
O recorte feito dentro da coleção deles -com cerca de 300
trabalhos- foi pensado pelos
curadores Andrés Hernández e
Carolina Soares.
"Houve a preocupação de selecionar apenas artistas que já
tivessem obras adquiridas pelo
MAM, para que o museu ofereça ao público um acervo mais
numeroso", diz Brandão, que
faz parte da diretoria da instituição e é um dos sócios da galeria Vermelho.
Leonilson (1957-1993) e Geraldo de Barros (1923-1998) são
os artistas com mais obras na
mostra -21 e 13, respectivamente. "Como o MAM tem
uma boa coleção de Leonilson,
decidimos doar três trabalhos
dele ao museu", afirma Brandão, destacando que "Ninguém
Tinha Visto" (1988), acrílica sobre madeira, é importante por
ser uma rara peça de Leonilson
feita nesse material.
"Adoraria ficar com essas
obras, mas achei que poderia
suprir essas lacunas no acervo
do museu", confessa. As três
obras são inéditas.
Já a série "Sobras", de Geraldo de Barros, foi incorporada
de uma forma menos afetiva
que o restante dos trabalhos.
"Ajudei a financiar a tiragem
dessa última série do Geraldo, a
pedido de uma de suas filhas, a
Fabiana", conta ele. "Considero Geraldo um mestre, assim
como a Claudia Andujar, de
quem também tenho fotos."
Brandão iniciou sua coleção
em 1987 e começou pouco a
pouco a aumentá-la em parte
como pagamento das fotografias que os próprios artistas encomendavam a ele. Também
incrementou-a recebendo de
presente alguns trabalhos, assim como adquiriu uma ou outra obra que admirava.
"Por isso é impossível que a
coleção não tenha um componente afetivo muito forte. Você
convive com os artistas, faz
amizade com eles, fica horas no
ateliê, viaja junto. É um recorte
artístico da época completamente emocional, mas tem um
lado documental, já que fotografei muitos dos trabalhos."
Curadoria
A curadora Carolina Soares
diz que agrupou as obras de forma a manter o maior diálogo
possível entre elas, ampliando
os espaços e evitando a compartimentação em "salinhas".
"Existem diversos elementos
que são típicos da produção da
época. Poéticas íntimas, como
as dos bordados de Leonilson e
"O Coração", de Mônica Nador,
são um exemplo. Também há
muita apropriação, como a de
figuras que lembram HQs, como em tela de Sérgio Romagnolo, ou modelos mais clássicos, como Davi, presente em fotografia de Odires Mlászho",
explica a curadora.
Brandão, admirador do colecionador Gilberto Chateaubriand -que tem comodato
com o MAM do Rio-, acaba por
definir sua coleção como um
"diário de amizades, algo caótico, no bom sentido".
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