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"Minha profissão é ver o que outros não veriam"
Herzog ainda tem dois longas, um curta musical e um documentário inéditos
Cineasta, que já levou tiro durante entrevista e salvou ator de acidente com carro, estava na China pouco antes dos conflitos deste mês
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Poucas semanas antes de estourar os conflitos entre hans e
uigures, no oeste da China, neste mês, lá estava Werner Herzog terminando seu longa mais
recente, "My Son, My Son,
What Have Ye Done". Mas tudo
terminou bem para o diretor
alemão, apesar de sua coleção
de acontecimentos bizarros
-ele já levou um tiro de um
"sniper" (atirador) numa entrevista ao ar livre para a BBC,
salvou o ator Joaquin Phoenix
de um acidente de carro e comeu um sapato para pagar uma
aposta (há vídeos no YouTube).
"Tive muita sorte desta vez",
diz Herzog à Folha sobre o filme que também foi gravado em
San Diego (EUA), Tijuana (México) e, pela quinta vez, na selva
amazônica -desta vez no rio
Urubamba (Peru). O longa, baseado num caso real de assassinato em San Diego nos anos 80,
tem no elenco Willem Dafoe e
Chloë Sevigny.
Enquanto "My Son" não tem
previsão de estreia, outro filme
deve ter pré-lançamento em
breve, provavelmente no Festival de Veneza, em setembro. É
"Bad Lieutenant: Port of Call
New Orleans", uma releitura
da história do policial corrupto
e drogado de "Vício Frenético"
(1992), de Abel Ferrara -embora Herzog negue tê-lo visto.
"Raramente vejo filmes. Vejo
talvez dois por ano", diz.
Nicolas Cage é o protagonista, com Eva Mendes. Herzog
elogia Cage e diz que, dos trabalhos dele, só viu "Despedida
em Las Vegas" (1995). "Ele está
muito melhor no meu filme."
"Em Hollywood, não há um
ator sequer que não queira trabalhar comigo, exceto aqueles
que nunca viram meus filmes",
diz, com uma risada.
Entre um longa e outro, ele
rodou um curta musical chamado "La Boheme", no sul da
Etiópia, comissionado pela English National Opera. E, para os
brasileiros, há ainda mais uma
obra inédita, o documentário
sobre a Antártida "Encounters
at the End of the World", indicado ao Oscar deste ano, no
qual filma pinguins, vulcões e
biólogos que moram isolados
no continente.
"Foi um filme que não deu
para preparar nada", afirma.
"Mas sou um bom contador de
histórias, então nunca tive medo [...] O mundo tem que se revelar para você. E você tem que
conseguir ver coisas que as outras pessoas não veriam. É essa
a minha profissão."
(FERNANDA EZABELLA)
NO BLOG - Leia mais trechos da
entrevista com Werner Herzog
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