São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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"Minha profissão é ver o que outros não veriam"

Herzog ainda tem dois longas, um curta musical e um documentário inéditos

Cineasta, que já levou tiro durante entrevista e salvou ator de acidente com carro, estava na China pouco antes dos conflitos deste mês

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Poucas semanas antes de estourar os conflitos entre hans e uigures, no oeste da China, neste mês, lá estava Werner Herzog terminando seu longa mais recente, "My Son, My Son, What Have Ye Done". Mas tudo terminou bem para o diretor alemão, apesar de sua coleção de acontecimentos bizarros -ele já levou um tiro de um "sniper" (atirador) numa entrevista ao ar livre para a BBC, salvou o ator Joaquin Phoenix de um acidente de carro e comeu um sapato para pagar uma aposta (há vídeos no YouTube).
"Tive muita sorte desta vez", diz Herzog à Folha sobre o filme que também foi gravado em San Diego (EUA), Tijuana (México) e, pela quinta vez, na selva amazônica -desta vez no rio Urubamba (Peru). O longa, baseado num caso real de assassinato em San Diego nos anos 80, tem no elenco Willem Dafoe e Chloë Sevigny.
Enquanto "My Son" não tem previsão de estreia, outro filme deve ter pré-lançamento em breve, provavelmente no Festival de Veneza, em setembro. É "Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans", uma releitura da história do policial corrupto e drogado de "Vício Frenético" (1992), de Abel Ferrara -embora Herzog negue tê-lo visto.
"Raramente vejo filmes. Vejo talvez dois por ano", diz.
Nicolas Cage é o protagonista, com Eva Mendes. Herzog elogia Cage e diz que, dos trabalhos dele, só viu "Despedida em Las Vegas" (1995). "Ele está muito melhor no meu filme."
"Em Hollywood, não há um ator sequer que não queira trabalhar comigo, exceto aqueles que nunca viram meus filmes", diz, com uma risada.
Entre um longa e outro, ele rodou um curta musical chamado "La Boheme", no sul da Etiópia, comissionado pela English National Opera. E, para os brasileiros, há ainda mais uma obra inédita, o documentário sobre a Antártida "Encounters at the End of the World", indicado ao Oscar deste ano, no qual filma pinguins, vulcões e biólogos que moram isolados no continente.
"Foi um filme que não deu para preparar nada", afirma. "Mas sou um bom contador de histórias, então nunca tive medo [...] O mundo tem que se revelar para você. E você tem que conseguir ver coisas que as outras pessoas não veriam. É essa a minha profissão."
(FERNANDA EZABELLA)


NO BLOG - Leia mais trechos da entrevista com Werner Herzog

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