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Teatro tenta se reinventar em 39 peças
Vídeo-instalação, espetáculo sonoro e antidrama com western são exemplos de estratégias cênicas exibidas no FIT
Festival terminou no sábado com estimados 80 mil espectadores para 33 obras nacionais e seis estrangeiras
Lenise Pinheiro/Folhapress
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Cena de "Las Julietas", montagem uruguaia que desconstroi "Romeu e Julieta", escrita e dirigida por Marianella Morena
CHRISTIANE RIERA
LENISE PINHEIRO
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADOS ESPECIAIS A SÃO JOSÉ DO
RIO PRETO
Sem se ancorar em obras
consagradas ou atores famosos, o 10º Festival Internacional de Teatro de São José do
Rio Preto (FIT) acabou no último sábado, cumprindo
com coerência sua proposta
de apresentar obras singulares e estratégias originais de
criação nas artes cênicas.
Com nova curadoria, o FIT
se distingue dos outros grandes festivais nacionais, que
nos últimos anos mais reuniram sucessos do que experimentaram linguagens.
PESQUISA CÊNICA
Durante nove dias, o festival apresentou 33 obras nacionais e seis estrangeiras e
recebeu um público total de
80 mil pessoas na cidade do
interior paulista, segundo
dados da organização.
Ao eleger a pesquisa cênica como filtro, alguns espetáculos oscilaram em qualidade. Apesar do estranhamento gerado por certas experiências, a maioria das produções teve boa recepção do
público em Rio Preto.
Pela primeira vez no Brasil, o americano Richard
Maxwell e o canadense Denis
Marleau se apresentaram
com espetáculos radicalmente experimentais.
O primeiro utilizou-se dos
gêneros "western" e "musical" em sua criação de uma
atmosfera antidramática. O
segundo se debruçou sobre o
teatro simbolista por meio de
uma vídeo-instalação, diluindo as fronteiras entre o
teatro e as artes visuais.
No contexto nacional, Luiz
Päetow apresentou, em
"Abracadabra", proposta
mais sonora que visual, ao
iluminar sua montagem apenas por lanternas, sem uma
história ou um personagem.
Um espaço cênico sem limites entre plateia e palco foi
elaborado pela Cia. São Jorge
de Variedades ao misturar
teatro de câmara e rua. Ecos
reiterados pelos espanhóis
de "Kamchàtka" em suas invasões silenciosas pelas ruas
e casas da cidade.
Sob direção de Enrique
Diaz e Cristina Moura, "Otro"
investigou o relacionamento
entre as pessoas e as cidades
com cenas fragmentadas, assimilando vídeo, dança, performance e música.
"Guerra Cega Simplex", do
Coletivo Bruto, recorreu à
mesma mistura na adaptação do texto do alemão Armin Petras.
DESTAQUES
Na reflexão para futuros
caminhos do teatro destacam-se a companhia Espanca! e o Grupo XIX, ao propor
recursos narrativos baseados
em lapsos temporais.
A ruptura com a tradição
pretendida pelo 10º FIT se fez
notar em "Las Julietas", de
Marianella Morena, em fusão
de "Romeu e Julieta" com a
realidade social uruguaia.
Com uma divisão um pouco desequilibrada na programação, o festival reuniu os
principais destaques no começo, perdendo a força nos
últimos dias.
Visando a fomentar o debate sobre a produção contemporânea, o FIT ajuda a
apontar caminhos, em um laboratório de novas linguagens teatrais. Se seguir voltado ao terreno das experimentações cênicas, pode se consolidar como um festival singular no calendário do país.
Os jornalistas MARCOS GRINSPUM
FERRAZ, LENISE PINHEIRO e CHRISTIANE
RIERA hospedaram-se a convite do evento
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