São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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BARBARA GANCIA

Canal Sony muda mais do que penteado da Salette Lemos

Só quem tem os órgãos internos blindados pode sobreviver ao horário eleitoral. Imagine que, outro dia, peguei -na sequência- a Havanir, o Quércia e o Pitta contando as histórias de sempre para boi dormir. Um atrás do outro. Antes vieram aquele bigodudo fantasiado de Torresmo que o Garotinho indica para governador e a mal-ajambrada do partido nanico que não teve nem mesmo o cuidado de sonorizar adequadamente a voz.
Fico pensando o que diria um forasteiro que nada sabe sobre o Brasil se fosse confrontado com o nosso horário eleitoral. Aposto um picolé de limão como ele pensaria que, no nosso país, ocupar cargos públicos interessa principalmente aos insensíveis verborrágicos, que não fazem a menor idéia da imagem que projetam e que se consideram tão "ishpertos" a ponto de vender até mesmo geladeira para esquimó.
Começa a propaganda gratuita dos candidatos na TV e o coração da gente vai murchando, murchando, até ficar do tamanho de um rabanete. Nesse momento, você só tem duas alternativas: desligar o televisor ou fugir para a TV paga. O pessoal reclama muito da TV paga, mas, na hora da propaganda gratuita, ela funciona como refúgio ensolarado.
Tome o Sony, por exemplo. Sei que o canal muda mais de programação do que a Salette Lemos de penteado. Mas ainda prefiro um dos novos seriados chochos, como "Scrubs", a ouvir Maluf contar que não pretende sair de Sampa (era o que faltava o sujeito se candidatar a governador de São Paulo e depois mudar para Santa Catarina, não é mesmo?).
Ainda prefiro ouvir a restauradora da porta do Batistério em Firenze afirmar, na caradura (em entrevista ao canal TV5), que a obra custou a mesma quantia gasta na Guerra dos Cem Anos, a ver o Levy Fidelix de camiseta da seleção pregando a modernidade.
O presidente da NET, Luiz Antônio Viana, usou o canal do assinante (que fornece informações sobre a operadora) para dizer que os serviços da empresa são ruins e que serão melhorados. Foi um gesto arrojado, que merece aplauso. Mas, gesto por gesto, ainda fico com o do Jô, que finalmente mandou o Bira sair do palco durante uma entrevista para ir rir em outra freguesia. O Bira é uma flor, mas aquela sua risada de rei Momo já torrou os pacovás.
Para terminar, um recadinho à Golden Cross: temo que a empresa tenha parado no tempo. Só ela acha que um menino de cinco ou seis anos é capaz de ficar boquiaberto no dentista ao ver o Pelé. Alô, Golden Cross! O Pelé dos guris se chama Ronaldo.

E-mail: barbara@uol.com.br

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